Hellblazer: conclusão do arco “Na Terra Para Onde Vão Os Mortos”, Nergal e Constantine chegam ao inferno e interrompem a cerimônia de “coroação” de Rosacarnis. Nergal, utilizando do corpo invulnerável de seu irmão, começa a matar todos os demônios do lugar e Rosa decide se unir à Constantine para tentarem se salvar do massacre iminente, já que o mago está “interligado” à seu inimigo graças à possessão que ocorreu momentos antes. A moça usa do corpo de Constantine para ferir o pai, porém seus planos são interrompidos e chegamos num final inesperado. O “primeiro entre os caídos” tem uma bela participação especial e é um dos destaques da história. No final todo mundo se dá mal, inclusive as duas mulheres no plano “físico”. Toda essa “corte” do infernal é bastante estranha, inclusive o fato dos demônios morrerem. Pra onde que eles vão depois?
Homem do Espaço: a primeira metade da história é bastante confusa, chega uma hora que o leitor se perde nos personagens. Orson e sua tentativa de fuga com as crianças é frustrada quando Carter descobre e os dois começam a lutar. Lily, a prostituta virtual, consegue escapar por uma brecha da discussão e leva a melhor. Na segunda metade as coisas ficam mais claras, os flashbacks de Orson não parecem mais um amontoado de cenas aleatórias e estão auxiliando no entendimento da série.
Escalpo: depois de uma edição mais calma e “independente”, a série volta à sua linha normal e desta vez protagonizada por Shunka, um dos braços de Corvo Vermelho, incumbido de visitar um cassino rival e convencer o dono à “aliviar a concorrência” pro lado de Corvo. Em troca, Shunka precisa dar um jeito em Joseph, um índio que envergonha sua tribo por ser gay. Porém, ele acaba se envolvendo muito mais com seu alvo do que poderia imaginar. Foi um rumo totalmente inesperado na série, inclusive com cenas mais “picantes”, sem medo de ser feliz. Prova de que Escalpo consegue tratar de diferentes temas sem cair na banalidade ou parecer forçado, além de melhor série dentro do mix. Fica a expectativa de como será o comportamento de Shunka no próximo capítulo.
Casa dos Mistérios: continuando o arco das Bruxas, diversos “robôs voadores assassinos” atacam a cidade e os goblins tentam defende-la. Dentro da Casa, o velho Mack realiza uma viagem no tempo (?) e se transportam para o meio de uma guerra, o que o faz lembrar de quando servia o exército e adquiriu seus poderes. Esse flashback é a historinha da edição, e uma das melhores desde que venho acompanhando: é literalmente uma viagem de LSD, onde Mack encontra um guru que lhe ensina poderes mágicos. Os desenhos de Brendan McCarthy (SOLO) merecem destaque por todo o ar psicodélico que deu a viagem, chapadíssimo. Vale comentar que MacCarthy é um dos responsáveis pela série Shade, o Homem Mutável dos anos 1990, uma das mais psicodélicas da Vertigo. De volta a realidade temos o fim da guerra e um plano envolvendo o espírito de Moranguinho. Casa dos Mistérios vale por esses momentos “nonsense”, pois a trama caminha devagar e, particularmente, perco boa parte do entendimento dela, porém continua bastante divertida de ler.
Vampiro Americano: os desenhos de Rafael Albuquerque deixam a narrativa bem rápida e fica a impressão de que pouco aconteceu nessa edição, se comparado às anteriores. Travis enfrenta Skinner e rola mordida de um lado, pancada do outro. O uso do ouro contra os vampiros (inédito para mim) é bastante interessante e dá uma dinâmica pra série, saindo da mesmice do gênero. A moça que faz participação especial dá um “plot twist” no final e a história toma outro rumo.
Na sessão de cartas temos alguns comentários interessantes, como uma crítica à Brian Azzarello, considerado superestimado pelo leitor; e elogios à Casa dos Mistérios (sempre na berlinda). Também temos indícios da possível polêmica que esse arco de Escalpo poderá gerar. A revista contém o preview de Sweeth Tooth, próxima série de encadernados da Paninia: apesar de um início menos envolvente que O Inescrito (que veio na edição anterior), foi uma leitura rápida e agradável, parece interessante por tratar de assuntos como religião, fé, mutações e preconceito.
Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.
[…] Sweet Tooth no ano passado, quando ainda lia o mix da Vertigo e a edição #35 trouxe um preview da série. Na época, as séries Ex Machina e Y – O Último Homem estavam […]