Direção/ Ano: Robert Cannon, 1950
Gerald McBoing-Boing é o primeiro curta animado “alternativo” à vencer o Oscar, que até o momento foi dominado pela Disney e Tom & Jerry, assim como é o primeiro a apresentar personagens humanos e não animais antropomorfizados. Lançado no final de 1950, é um filme à frente de sua época com um visual fantástico. A história é sobre um menino que emite efeitos sonoros (como buzinas, barulho de carro, latido) em vez de palavras, assustando seus próprios pais e aqueles que o cercam.
Foi adaptado de um conto do Dr. Seuss, famoso escritor infantil responsável por obras como Lorax, O Gato e Grinch (todos adaptados para o cinema). Não li o livro, mas muitos questionam sobre a fidelidade do curta que, anos depois, rendeu outras animações e, mais recentemente, uma série de desenhos animados. Em 1994 foi eleito o 9º melhor curta norte-americano no livro The 50 Greatest Cartoons.
Apesar da história cativante e engraçada, com destaque para as “palavras” de Gerald, é o visual da animação que impressiona, muito distinto dos demais curtas vencedores. Podemos destacar várias características e técnicas narrativas utilizadas como o início, formando os personagens a partir de linhas; a cor da pele deles, geralmente a mesma usada no fundo; a quase inexistência de cenários; as mudanças de perspectivas e cores; entre outros.
Destaque para a cena onde Gerald foge de casa e é abordado por um homem; o uso da perspectiva e troca de cenas é fantástico. As cores e a trilha-sonhora também são fundamentais, com cenas que variam do azul ao laranja e a música sempre acompanhando a ação e aumentando as características do momento, como suspense ou comédia. Gerald McBoing-Boing também levanta alguns questionamentos sobre a atitude dos pais do menino, que se distanciaram dele pelos barulhos que fazia e se aproximaram perto do final, quando ele se transforma numa estrela.
Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.