Batman & Robin: Bruce investiga as intenções de Morgan/ Ninguém e pede que Damian fique em casa, durante alguns dias, pois teme que algo aconteça ao filho; ele, inclusive, lhe dá um cachorro para se entreter. Ficou bem claro que essa série será focada no convívio pai/ filho e de como isso pode afetar a carreira de ambos. Damian não consegue permanecer em casa e nem trabalhar seu auto-controle, se irritando com qualquer coisa. Não tolera perder para o mordomo Alfred numa partida de xadrez e foge da mansão para esfriar a cabeça, perseguindo e espancando dois ladrões. No final chegam o próprio vilão e Batman, observando a cena, e as emoções dos heróis os colocam em risco. Esse é um dos destaques do mix, com uma trama rápida e empolgante, com destaque para a briga de Damian e a cena final, gerando grande expectativa.
Batwing: na última edição o vilão Massacre atacou Trovoada, um dos heróis do antigo grupo Reino (uma espécie de Liga da Justiça da África) e David chega para tentar salvá-lo. De porrada em porrada a trama vai se desenrolando, porém não empolga. Nada de muito interessante acontece, fora uma crítica “suave” a algumas facetas da África, como trabalho infantil. O destaque fica para o final, quando o leitor se indaga sobre os reais objetivos do antigo Reino. Parece que há algo sujo no passado desses ex-heróis, mas mesmo assim a trama não está evoluindo muito. Os desenhos de Ben Oliver, que impressionam à primeira vista, começam a cair na mesmice já que não há variação de cenários (e sim ausência deles) e nem nas lutas.
Batgirl: série que divide opiniões. Particularmente, considero uma leitura agradável (apesar de ter decaído um pouco), mas outros leitores odiaram. Bárbara continua sua jornada em busca do vilão Espelho, tentando salvar um trem de se chocar em outro ao mesmo tempo em que carregam uma bomba. Porém, essa situação fica em segundo plano e outros fatores chamam mais atenção, sendo o principal deles o surgimento de Asa Noturna. Agora, a relevância de sua participação fica no ar. Será um romance? Essa mudança no desenvolvimento pode afastar alguns, além de alguns furos no roteiro (ela não estava enfraquecida?). A arte continua muito boa, bastante fluída.
Mulher-Gato: uma história, digamos, impactante. Lola, a melhor amiga de Selina, foi assassinada pelo vilão Ossos e sua gangue. A Mulher-Gato, presa numa cadeira, é obrigada a observar calada sua colega estirada no chão. Flashbacks do relacionamento entre as duas surgem até que ela finalmente consegue escapar e decide se vingar do assassino. A vingança segue o mesmo nível de crueldade, com a gata invadindo a cobertura de Ossos munida de um taco de beisebol. As edições a seguir, então, poderia ser bem explorada, já que temos: um vilão interessante, uma protagonista perturbada e um bom motivo pela vingança. Mas isso é interrompido quando ela o captura e o espanca até morrer, sendo impedida pelo Batman (que surge do nada, como sempre) e fechando num beijo totalmente anti-clímax. As cenas mais sangrentas estão muito boas, porém essa correria no roteiro prejudicou o desenvolvimento.
Capuz Vermelho e os Foragidos: sinceramente, não estou entendendo o que se passa aqui. A arte de Rocafort é ótima, bastante minuciosa e cheia detalhes interessantes, parece uma animação. Fora isso, Capuz Vermelho e Cia. parece uma viagem. O trio de heróis chegaram no templo onde Capuz recebeu seu treinamento e encontrou todos os guardas da casta superior mortos, permitindo que encontrem Saru, o Disciplinador. Esse carequinha que fuma narguile e solta fumaça em forma de círculo (Alice?) diz que o “inominável” está na “sala” ao lado. Saru deixa eles entrarem, mas em troca pega uma lembrança de cada um (desculpa para mostrar o passado dos protagonistas). Nessa nova sala o piso se transforma num monstro gigante numa digna abertura de qualquer jogo de ação da atualidade, só faltou surgir alguns botões na tela. E esse clima de absurdo continua até o final, quando é revelado a memória de Jason Todd.
Asa Noturna: Dick Grayson vai ao enterro do Sr. Haley, mas é pego de surpresa pelo desdém de alguns ex-colegas do Circo, culminando numa briga. Mais uma vez o passado vem à tona e o real motivo da perseguição de Saiko é revelado, além da estréia de um provável vilão. O roteiro de Higgins é bem construído, sem deixar pontas soltas, além da arte ser ótima. Ao lado de Batman & Robin, é uma das séries prediletas dos leitores, principalmente para os mais nostálgicos. Como não conhecia bem esse “bat-verso” e a existência dos inúmeros Robins, o Asa Noturna não me cativa. Mesmo sendo um dos pontos alto do mix, não é uma série que me empolga tanto.
Batwoman: a arte é o grande trunfo desta série, porém o roteiro também se desenvolve bem. O crime da “Chorona” fica em segundo plano e surge uma agente com a intenção de desmascarar a Batwoman. A policial Sawyer começa um affair com Kate, mas também quer descobrir quem é a mascarada. É aquela trama de herói se relacionando com alguém que também lhe persegue, mas realizado de forma interessante. Outro crime ocorre envolvendo criaturas bizarras e ainda não se sabe se tem ligação com a Chorona. Está um clima de Arquivo X com Law & Order: SVU. Se havia alguma dúvida quanto a sexualidade da Kate, ela é totalmente sanada numa introdução bem explícita da personagem; fico feliz em poder ler uma HQ onde a heroína é lésbica e sua história não é centrada em clichês do gênero. A arte é ótima, com destaque para a abertura da luta onde os ossos quebrados são mostrados em “raio-x”; a sequencia da página acima; e a reconstituição da cena do crime com as criaturas, impressionante.
A Sombra do Batman #3 compensa por trazer três séries que certamente irão agradar o leitor: Batman & Robin, Asa Noturna e Batwoman. Os demais títulos tem seus altos e baixos e são medianos, apesar de que eu curto a Batgirl e Mulher-Gato, também, mas elas não foram muito felizes nessa edição; assim como Batwing não sai do lugar. Capuz Vermelho e os Foragidos parece uma viagem de LSD (mas o lado ruim da viagem) e ainda não saquei de onde veio nem pra onde vai a história. O acabamento segue o padrão: lombada quadrada, capa LWC e miolo pisa. A Panini continua não colocando as capas originais.
Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.