Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.
[Review] Vertigo #31 !
Nome Original: Spaceman #3; Scalped #32; House of Mystery #23; Hellblazer #208; American Vampire #21
Editora/Ano: Panini, 2012 (DC, 2011; 2009; 2010; 2005)
Preço/ Páginas: R$9,90/ 132 páginas
Gênero: Suspense/ Ação/ Alternativo
Roteiro: Brian Azzarello; Jason Aaron; Matthew Sturges; Mike Carey; Scott Snyder
Arte: Eduardo Risso; R. M. Guéra; Luca Rossi e Sam Kieth; Leonardo Manco; Jordi Bernet
Sinopse: Escalpo: Dash está numa espiral de desespero há tempo demais, e os últimos eventos tornaram a pressão insuportável. Para sobreviver, ele precisa de ajuda. Mas… em quem ele realmente pode confiar? Nitz vs. Corvo Vermelho, Queda D’Água vs. O Apanhador e Diesel vs. liberdade. A história esquenta! Hellblazer: John Constantine e seu guia demoníaco seguem sua jornada tortuosa pelo inferno quando um inesperado e surpreendente reencontro acontece! O Homem do Espaço: Orson está atolado até o pescoço num problema que não é dele. Enquanto isso, a família de Tara se pronuncia e a polícia aperta o cerco. Casa dos Mistérios: dúvida relevante: o que acontece se um morador da Casa tentar matar o outro? Artista convidado da edição: Sam Kieth (The Sandman, The Maxx). Vampiro Americano: um combate entre duas criaturas épicas pode decidir o destino dos índios e dos soldados que se preparam para a sangrenta batalha!
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Escalpo se mantêm como a melhor série no mix Vertigo, com a narrativa ficando mais “fácil” de se entender para quem começou a acompanhar pela edição #29. Conclusão do arco A Fera da Caverna em Vampiro Americano e Sam Kieth (Sandman) é o artista convidado para a mini-história em Casa dos Mistérios. Falando na mansão, ela protagoniza novamente a sessão de cartas, dividindo a opinião dos leitores. Homem do Espaço parece andar no escuro e não sabemos ao certo o que esperar da série e, em Hellblazer, Constantine encontra seu clone no Inferno.
Escalpo: finalmente começo a entender a série mais empolgante do mix. Como já comentei nos reviews anteriores, peguei o “bonde andando” e, por conter uma gama variada de personagens e acontecimentos, é complicado ir ligando os fatos numa primeira viagem; o resumo que antecede a história também ajuda no entendimento. Lincoln Corvo Vermelho é o chefão da reserva indígena Rosa da Pradaria, no qual comanda tudo através de seu Cassino construído com o dinheiro de outra máfia (os Hmong). Earl Nitz é um agente do FBI que está disposto à fazer o que for necessário para incriminar Corvo Vermelho pelos seus crimes (inclusive assassinato) e infiltra o agente Dash Cavalo Ruim na reserva para descobrir os podres do cacique e incrimina-lo.
Os Hmong enviam um de seus homens à reserva para reivindicar o dinheiro gasto no Cassino e, irritado, Corvo Vermelho acaba matando-o na frente de várias testemunhas, entre elas um traficante da cela ao lado. É o momento ideal para Nitz incriminar o índio, mas o traficante acaba escapando e agora os dois grupos o perseguem para decidir quem vencerá esse jogo, além dos Hmong estarem bem irritados com o assassinato. O roteiro é de Jason Aaron (Justiceiro MAX), que se aprofunda em outros aspectos da trama (como Dash ter se relacionado com Carol, filha do Corvo; e o relacionamento dela com o pai) que enriquece a narrativa e torna Escalpo a série mais empolgante do mix. A arte de R. M. Guéra (Texas Riders) é ótima, muito dinâmica e com belas sequencias de ação, mas um dos trunfos da arte estão nas cores de Giulia Brusco (Wolverine/Deadpool), excelentes.
Homem do Espaço: terceiro capitulo desta mini-série em 9 partes. Criada pela mesma equipe de 100 Balas, é uma história que parece não levar à lugar nenhum. Brian Azzarello trabalha com uma boa narrativa, principalmente com os flashbacks, e os desenhos de Eduardo Risso também são ótimos, com panorâmicas detalhadas, capaz de prender a atenção do leitor e levá-lo à observar melhor os cenários em busca de algum personagem inusitado. As cores de Patricia Mulvihill continuam ótimas.
Mesmo assim, a história não vai pra frente. Orson é um “Homem do Espaço”, um humano modificado geneticamente pela Nasa para poder explorar Marte. Porém o projeto foi por água abaixo e Orson e seus companheiros foram largados num mundo que não conheciam. Agora, ele mora num ferro velho e vive como catador, contrastando com a tecnologia avançada do lugar. Tara é uma órfã participante de um reality show sensacionalista onde uma das crianças concorrentes será adotada por uma família rica, porém é seqüestrada e vira notícia em todos os jornais. Orson encontra Tara e decide esconde-la em sua casa, para que ninguém à seqüestre novamente. A série só dá uma guinada nas últimas páginas, quando Tara atende uma ligação da Prostitua Virtual de Orson e a existência de um possível Homem do Espaço mercenário.
Vampiro Americano: última parte do arco A Fera da Caverna. Skinner e James estão nos pés de uma montanha pensando se atacarão ou não os índios do chefe Buraco no Céu que, na última edição, atacou a “Deusa-Vampira” e lhe roubou os poderes. Enquanto Skinner apóia a destruição geral deles, seu irmão é mais precavido e espera uma posição de seu supervisor, que termina por prendê-lo por conta da escapada de Skinner. O roteiro é de Scott Snyder (Homem de Ferro: Noir) e ,apesar de ágil e interessante, concluiu o arco de forma precária. Onde foi parar a batalha que esperávamos entre os dois grupos?
Quando foi atacada, a Vampira quase não demonstrou resistência e agora ficou louca e saiu destruindo tudo. Ficou estranho. A luta entre os dois vampiros é interessante, apesar das criaturas um pouco caricatas, e o destaque fica para a cena com os mortos na montanha. Os desenhos de Jordi Bernet se destacam por serem diferentes e lembrarem um Tex da vida, mas estão longe dos ótimos trabalhos do artista como em Jonah Hex, da própria DC.
Casa dos Mistérios: o suposto irmão de Fig, Moranguinho, continua na Casa. A moça nega a todos que ele seja da família, mas meio que admitiu a si mesma que o esqueceu. Com medo que ele possa representar algum perigo, Cain e companhia o trancam num porão, enquanto os clientes do bar são expulsos. A relação entre eles fica tensa e temos a participação especial de Abel, o irmão de Cain.
É a série que mais divide a opinião dos leitores. Apesar de não apresentar nada de extraordinário, se mantêm na média e sempre traz uma “mini-história” interessante. Desta vez, um “defunto” conta sobre um homem que se deu mal ao ajudar alguém e o artista convidado é Sam Kieth, o mesmo que desenhou as primeiras edições de Sandman.
Hellblazer:Constantine e Nergal conseguiram passar da ponte de almas e rumam Inferno adentro para trazer de volta a alma de sua irmã. No caminho, porém, ele encontra antigos amigos e inimigos, entre eles um clone dele mesmo. O único jeito de se livrar da confusão e continuar a jornada é deixar que Nergal “adentre” nele… Enquanto isso Angie e Gemma discutem o fato de terem ficado de fora da missão e Rosacarnis reúne os três filhos de Constantine.
O estilo narrativo de Mike Carey lembra seriados de terror e, se não traz grandes inovações, é bem empolgante. Os desenhos de Leonardo Manco e cores de Lee Loughridge são excelentes, com destaques para as cenas dentro do apartamento e os closes, principalmente de Nergal.
No geral, a revista Vertigo traz um bom mix de histórias e mantem o ritmo desde a edição #29 (pela qual comecei a acompanhar), com Escalpo sendo a melhor série. Na próxima edição se inicia um novo arco de Vampiro Americano e o arco Sob Nova Direção de Casa dos Mistérios é concluído. Vertigo possui capa couché, miolo pisa brite e lombada redonda, com sessão de cartas e todas as capas originais.