A conclusão de Os Pequenos Guardiões possui acertos e uma arte estupenda, porém ficou com aquela impressão de que poderia ter sido melhor. David Petersen fechou algumas pontas soltas e expandiu a mitologia dos ratos, mas sofre do velho problema de ser rápido demais ao finalizar e com um desfecho previsível. Interessante comentar que a série foi uma das mais premiadas e elogiadas quando foi lançada, principalmente no meio alternativo.
Lieam continua a mercê do exército do Machado Negro, em rumo ao castelo de Lockhaven. Saxon, Kenzie e o suposto Machado Negro verdadeiro se escondem nas florestas, a fim de chegarem antes do exército e avisar ao reino. Num terceiro plano, Sadie, o ratinho da edição dois, surge para também deixar o reino avisado da invasão. Essa dinâmica entre os personagens é um dos pontos altos em Os Pequenos Guardiões, com um toque todo cinematográfico, ao estilo Senhor dos Anéis de ser.
Mas é quando ocorre, de fato, a invasão que o roteiro do título começa a correr. Mesmo com cenas de lutas e diálogos, as seqüências finais foram muito rápidas e o final quase que abrupto. Depois das excelentes brigas com a cobra e os siris nas edições #1 e #2 e a mesmice que ficou na penúltima edição, era esperado mais desta última batalha. A decisão em “trancar” o castelo também é feita rápida demais, poderia ter explorado melhor essa parte. Os destaques ficam para a revelação de quem rege o reino e da cena das abelhas.
Como era de se esperar, a arte de Petersen continua sendo o grande destaque e diferencial da série. A concepção das cenas e a suavidade das mesmas é excelente, assim como os efeitos, coloração e traços. Destaque para a cena em que mostra o exército de Machado Negro visto de longe, atravessando um lago. De perto, os ratos parecem guerreiros grandes e poderosos, mas vistos de longe, continua sendo ratos em meio a floresta. Essa analogia foi uma bela sacada.
Outro destaque fica para o efeito de chuva, presente em praticamente todas as cenas da edição #5. Os traços simulando as gotas e o alaranjado do crepúsculo resultou em excelentes páginas. Ainda nessa edição há uma seqüência curiosa, quando é lembrando a origem da arma Machado Negro, apresentada em estilo “livro”. Impossível não vê-la como uma animação, imaginando um grande livro sendo aberto e as frases surgindo. Isso também nos lembra que Os Pequenos Guardiões se trata, também, de um título para o público jovem.

Foi uma série divertida de acompanhar, com uma leitura bastante agradável e que foge do padrão. Começa excelente, perde um pouco do fôlego no decorrer, mas continua sendo um belo material, principalmente por sua arte. A Conrad fez um excelente trabalho no acabamento, com capa cartão, papel semelhante ao LWC, mas com gramatura alta. Ao final de cada edição é reproduzida a visão de um artista diferente sobre os Pequenos Guardiões através de uma ilustração e, no início, algumas frases dos guerreiros. Porém faltou uma introdução, algum texto extra, algo a mais. É a história e ponto. Nisto, a Conrad poderia ter sido melhor. Fica a expectativa de lançamento dos próximos títulos da série, ainda inéditos por aqui, e uma reedição desta num só volume.