Nome Original: Mouse Guard #3 e #4
Editora/Ano: Conrad, 2008 (Archaia Studios Press, 2006)
Preço/ Páginas: R$12,00/ 24 páginas cada
Gênero: Ação/ Fantasia/ Infantil
Roteiro/ Arte: David Petersen
Sinopse: Em um mundo hostil e repleto de predadores, os ratos lutam todos os dias pela sua sobrevivência e bem-estar das suas moradias. Para a proteção do povo foi criada a Guarda. Depois de vencida a guerra do Inverno 1149 contra o general-andorinha, veio um período de certa calmaria e então a Guarda passou a ter outras funções. Sentinelas, meteorologistas, acompanhantes e exploradores substituíram os soldados. A Guarda localiza-se na cidade de Lockhaven.
As edições #3 e #4 de Os Pequenos Guardiões sofrem um pequeno deslize em relação às primeiras edições, principalmente pela expectativa criada no leitor. Os guardas Saxon, Kenzie e Lieam, da primeira edição, logo após descobrirem um mapa da cidade onde fica a Guarda, imaginam que a cidade de Barkstone planeja alguma espécie de ataque contra o reino, pois os mapas são proibidos de serem exportados. Decididos, partem para Barkstone e para despistarem os cidadãos locais, Saxon e Kenzie fingem uma briga enquanto Lieam investiga a cidade.
Apesar da história pouco se aprofundar nessa edição #3, os destaques ficam para a arte incrível de David Petersen. Logo que eles chegam há uma sequencia toda cinematográfica, muda, e bastante detalhada. É mostrado o cotidiano de outros ratos, o que fazem, etc. Muito interessante. O rato do Cartógrafo também se destaca por ser inusitado e carismático, desde sua estréia.
Já na edição #4, após um incidente na cidade de Barkstone, o trio chega à casa de Machado Negro, um lendário guardião, e um inimigo em potencial. Não há todo o clima de aventura e mistério das edições #1 e #2, mas algo mais realista e, de certa maneira, rápido demais.
Porém a curiosidade quanto ao misterioso ataque ao reino continua firme e forte, além de que o rato da segunda edição não reapareceu. O acabamento continua excelente, formato quadrado e folhas de alta gramatura, que lembram o papel couché. No entanto, extras e introduções fazem falta. A interpretação de Pequenos Guardiões, ao final de cada edição e desenhada por um artista diferente reforça a ideia de que o traço de Petersen é um dos grandes (se não o maior) responsável pelo sucesso da série.
A arte é magnífica; não dá pra ser indiferente com ela. Detalhada na medida certa, todos os traços parecem perfeitos, é criada diversas expressões faciais mesmo sem utilizar olhos ou bocas grandes, além das cenas dinâmicas e cinematográficas. O processo de colorização também é um destaque a parte, mesclando tons fortes e chamativos com texturas padronizadas que se assemelham à colagem. Grandes regiões, como o fundo de algumas cenas, parece que o autor passou uma tinta e, após secar, deu uma lixada. Todos esses efeitos “artísticos” contribuem para o belo visual que Pequenos Guardiões possui. As cenas da casa em chamas e da chuva permanecem como as mais belas até o momento.
Mesmo se tratando de um álbum para o publico jovem, sem acontecimentos muito profundos, sua excelente arte irá agradar os leitores mais maduros e algumas cenas irão até surpreender. Mais duas edições e a saga do trio de ratinhos da Guarda chegará ao fim!
*Diz se não é a fusão de Camundongos Aventureiros com Senhor dos Anéis?
Fil Felix é ilustrador e escritor. Criador dos conceitos e personagens do universo da Central dos Sonhos. Fã de HQs, gosta de escrever reviews desde 2011, totalizando mais de 600 delas em 2023. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a Coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou seu primeiro livro infantil em 2021: Zumi Barreshti, da editora Palco das Letras.