Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.
[Review] Os Pequenos Guardiões #3 e #4 !
Nome Original: Mouse Guard #3 e #4
Editora/Ano: Conrad, 2008 (Archaia Studios Press, 2006)
Preço/ Páginas: R$12,00/ 24 páginas cada
Gênero: Ação/ Fantasia/ Infantil
Roteiro/ Arte: David Petersen
Sinopse: Em um mundo hostil e repleto de predadores, os ratos lutam todos os dias pela sua sobrevivência e bem-estar das suas moradias. Para a proteção do povo foi criada a Guarda. Depois de vencida a guerra do Inverno 1149 contra o general-andorinha, veio um período de certa calmaria e então a Guarda passou a ter outras funções. Sentinelas, meteorologistas, acompanhantes e exploradores substituíram os soldados. A Guarda localiza-se na cidade de Lockhaven.
As edições #3 e #4 de Os Pequenos Guardiões sofrem um pequeno deslize em relação às primeiras edições, principalmente pela expectativa criada no leitor. Os guardas Saxon, Kenzie e Lieam, da primeira edição, logo após descobrirem um mapa da cidade onde fica a Guarda, imaginam que a cidade de Barkstone planeja alguma espécie de ataque contra o reino, pois os mapas são proibidos de serem exportados. Decididos, partem para Barkstone e para despistarem os cidadãos locais, Saxon e Kenzie fingem uma briga enquanto Lieam investiga a cidade.
Apesar da história pouco se aprofundar nessa edição #3, os destaques ficam para a arte incrível de David Petersen. Logo que eles chegam há uma sequencia toda cinematográfica, muda, e bastante detalhada. É mostrado o cotidiano de outros ratos, o que fazem, etc. Muito interessante. O rato do Cartógrafo também se destaca por ser inusitado e carismático, desde sua estréia.
Já na edição #4, após um incidente na cidade de Barkstone, o trio chega à casa de Machado Negro, um lendário guardião, e um inimigo em potencial. Não há todo o clima de aventura e mistério das edições #1 e #2, mas algo mais realista e, de certa maneira, rápido demais.
Porém a curiosidade quanto ao misterioso ataque ao reino continua firme e forte, além de que o rato da segunda edição não reapareceu. O acabamento continua excelente, formato quadrado e folhas de alta gramatura, que lembram o papel couché. No entanto, extras e introduções fazem falta. A interpretação de Pequenos Guardiões, ao final de cada edição e desenhada por um artista diferente reforça a ideia de que o traço de Petersen é um dos grandes (se não o maior) responsável pelo sucesso da série.
A arte é magnífica; não dá pra ser indiferente com ela. Detalhada na medida certa, todos os traços parecem perfeitos, é criada diversas expressões faciais mesmo sem utilizar olhos ou bocas grandes, além das cenas dinâmicas e cinematográficas. O processo de colorização também é um destaque a parte, mesclando tons fortes e chamativos com texturas padronizadas que se assemelham à colagem. Grandes regiões, como o fundo de algumas cenas, parece que o autor passou uma tinta e, após secar, deu uma lixada. Todos esses efeitos “artísticos” contribuem para o belo visual que Pequenos Guardiões possui. As cenas da casa em chamas e da chuva permanecem como as mais belas até o momento.
Mesmo se tratando de um álbum para o publico jovem, sem acontecimentos muito profundos, sua excelente arte irá agradar os leitores mais maduros e algumas cenas irão até surpreender. Mais duas edições e a saga do trio de ratinhos da Guarda chegará ao fim!
*Diz se não é a fusão de Camundongos Aventureiros com Senhor dos Anéis?