Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.
[Review] xxxHOLiC #7 e #8 !
Nome Original: xxxHOLiC Vol. 4
Editora/Ano:JBC, 2007 (Kodansha, 2004)
Preço/ Páginas: R$5,90 / Cerca de 100 páginas cada
Gênero:Fantasia/ Comédia
Roteiro / Arte: CLAMP
Sinopse: No Dia dos Namorados, Watanuki prepara uma sobremesa especial para presentear Himawari e Yuko, porém Doumeki aparece e acaba comendo os doces. Nesse meio termo surge Zashiki-Warashi, uma entidade que deseja entregar um presente, porém o mesmo está no estomago de Doumeki. Na edição seguinte, Watanuki tenta descobrir qual é o mistério em torno das duas irmãs gêmeas, principalmente a mais velha, que está sempre deprimida e pessimista… Enquanto tenta ajudar a moça, ele descobre por meio de Yuko o quão poderosas podem ser as palavras ditas de forma descuidada. Passado o White Day, em que os garotos devem retribuir chocolates recebidos no Dia dos Namorados, chega então o dia primeiro de abril, o aniversário de Watanuki! Neste dia, ele se recorda de um dos poucos amigos que teve na infância.
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Quarto volume de xxxHOLiC, composto pelas edições #7 e #8 nacionais, lançadas em 2006 pela JBC. Para conhecer um pouco a serie ou entender o formato adotado pela JBC, o meio-tankohon, leia o reviewdo primeiro volume.
As histórias que compõem este quarto volume, apesar de interessantes, não trazem nada de muito especial. A primeira edição mostra Watanuki preparando diversos chocolates para presentear Himawari no Dia dos Namorados, mas seus planos são interrompidos por Doumeki, que acaba comendo eles. O CLAMP, como de costume, coloca diversas referências à outros de seus mangás, como em nomes de lugares ou pessoas. Yuko, através dos Mokonas, entra em contato com o pessoal de Tsubasa, enviando à eles presentes, claro que com segundas intenções. Sua relação com o Mago Clow é novamente comentada, nas palavras de Yuko: “O brinco do Mokona branco é um ‘adereço para magia’. O brinco do Mokona preto é um ‘adereço para proteção’. Os dois brincos foram algo que eu e Clow criamos há muito tempo… Pelo visto estão funcionando muito bem por enquanto”. Essa relação dos dois é um dos grandes mistérios da série. Para quem não conhece, o Mago Clow é o criador das cartas Clow, da série Card Captor Sakura.
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É na edição #7, também, que aparece pela primeira vez a Zashiki-Warashi, um espírito de energia pura, que deseja entregar um presente à Watanuki. Para isso ela, sem querer, pega a alma de Doumeki, cabendo a Watanuki recupera-la. É uma personagem importante, que surge mais vezes no decorrer da série, além que ela possui um bom sentimento com Watanuki.
Na edição #8 temos o caso das gêmeas, onde uma é bem pessimista, ao contrário da outra. Elas conhecem Watanuki e Doumeki e combinam alguns encontros, gerando diversas piadinhas de Yuko. O CLAMP, através dessas histórias, passam diversas lições de moral e de auto-ajuda, falando sobre o “poder das palavras” e o quanto as coisas não dão certo quando a própria pessoa pensa que não dará. É uma característica bem marcante na série. Infelizmente, o caso das gêmeas não possuem um bom apelo como no caso anterior, da “mão do macaco”, e se estendem por várias páginas, ficando no chove e não molha. Apesar de servirem para mostrar a bondade de Watanuki e a relação dele com Doumeki, é uma história mediana.
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Ao final, temos duas histórias curtas, uma com Watanuki lembrando de seu passado, quando tinha uma amigo que marcou sua infância, o sobrenatural adentrando mais uma vez xxxHolic, tendo um desfecho interessante. E a última onde ele vê diversos braços espalhados pelas ruas, a princípio parecem ayakashis. Uma boa história para comparar a juventude de hoje em dia com a do passado, do quanto as crianças “deixaram” de ser crianças.
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O acabamento da JBC continua o mesmo, no formato meio-tanko, sem páginas coloridas e capa cartonada. O destaque fica por conta da tradução e notas, que são ótimas. Infelizmente, extras e as capas originais coloridas é algo que ficou de fora das edições nacionais.