Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.
[Review] X-Men #1 !
Nome Original: X-Men #105 e #106; Wolverine #154 e #155
Editora/Ano:Panini, 2002 (Marvel, 2000)
Preço/ Páginas: R$6,90/ 100 páginas
Gênero:Ação/ Super-Herói
Roteiro:Chris Claremont; Rob Liefeld e Eric Stephenson
Arte:Leinil Francis Yu; Rob Liefeld
Sinopse: Os X-Men enfrentam a ameaça das Irmãs Profanas e a fúria mortal de Domina, a perigosa líder dos Neo! Cobiçado por uma organização secreta interessada em duplicar seu fator de cura, Wolverine encara o mercenário mais tagarela do mundo: Deadpool!
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Em Janeiro de 2002 houve a “Nova Era Marvel no Brasil”, com a Panini lançando os títulos Marvel por aqui, ocupando o lugar que a Abril mantinha há mais de 20 anos. Para conhecer melhor essa “troca” de editoras e os últimos acontecimentos dos X-Men, confira o [Guia] X-Men Premium #1 à #17 + Acontecimentos Anteriores (Pt. 1). Acredito que este seja um bom momento para aqueles que querem começar a ler X-Men (e que não se importa em acompanhar os títulos atuais), já que os acontecimentos até aqui foram resumidos e estamos começando os reviews de uma genuína primeira edição. São edições antigas e mensais, não são fáceis de encontrá-las, mas para quem quer ler é só pesquisar e baixar as edições originais (indicadas acima). Sou neutro em relação à scans, até porque comecei a ler HQs por elas.
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As diferenças entre essa primeira edição da Panini e às últimas da Abril (série Premium) são bem visíveis. A começar pelo acabamento: a Abril mantinha 7 histórias numa edição com capa cartonada e lombada quadrada; a Panini dividiu as revistas mutantes em duas edições (X-Men e X-Men Extra), com 4 histórias cada, com capa couché e lombada redonda. O papel utilizado no miolo é praticamente o mesmo, se não for, e o formato adotado é maior (18,5 x 27,5 cm) um pouco menor que o “magazine”. As capas originais permanecem ausentes e a Panini escorregou em não numerar as páginas.
Mas a grande diferença é na comunicação: há um editorial, explicando as intenções da Panini com a Marvel; uma seção de Novidades e outra de Correio Mutante, respondendo as cartas de leitores. Nessa edição #1 houve, também, uma tirinha de Wolverine e Colossus; algo que não tinha na Abril. Mas o que a Panini trouxe em qualidade, o mesmo não se pode dizer das histórias. Por via de regra, a Panini “pegou o bonde andando” da Abril e infelizmente os X-Men estão passando por uma fase com histórias fracas e trazendo mais do mesmo. E para piorar, o argumento e arte de Wolverine são do Rob Liefeld…
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As duas primeiras histórias são dos X-Men, mostrando as origens e intenções dos Neos, pela primeira vez. Como informado no Guia, esses novos mutantes surgiram do nada e começaram a atacar os X-Men, aparentemente, sem motivos explícitos. Possuem roteiro de Chris Claremont (Capitão Britânia, Excalibur)e a arte de Leinil Francis Yu (Superman: Legado das Estrelas, Invasão Skrull). Todos esperam uma grande trama vinda de Claremont, um dos autores que revitalizaram os X-Men nos anos 1980, porém não é o que temos. Por outro lado, a arte de Francis Yu é muito boa e mantém a história mais interessante.
Logo no início Arcanjo e Psylocke são atacados pelas Irmãs Profanas, um grupo de vilãs que desejam atacar Betsy, mas cuja intenção é um mistério. Para salva-los, chegam o restante do grupo liderado por Vampira. O engraçado dessa história é que os X-Men nunca viram essas vilãs, como é dito nas primeiras páginas, mas todos conhecem seus nomes. Incrível.
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Em seguida temos explicado os motivos dos Neos em terem tanta raiva dos X-Men. Eles viviam numa espécie de vila, ou algo do gênero, escondidos da humanidade, e muitos dependiam de seus poderes para viverem. Lembram quando o Alto Revolucionário anulou o gene X dos mutantes? Então, quando ele fez isso ocasionou a morte de dezenas de Neos, inclusive da filha de Domina, que agora só quer vingança. Até que é uma boa explicação, mas as histórias estão se arrastando muito desde que surgiram. Enquanto isso, Noturno e Wolverine invadem o local onde os Neos estão para salvarem Cecília Reyes e Charlotte Jones, capturadas anteriormente.
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Mas o destaque fica por conta de Mística e o senador Kelly, que se candidatou à presidência dos EUA e possui forte apoio da população em suas idéias anti-mutantes, principalmente agora com Magneto em Genosha. E Mística está planejando um ataque à ele (mais uma vez). Vamos ver no que vai dar.
Finalizando, temos duas histórias de Wolverine contra Deadpool. O mercenário pretende trocar Wolvi pela cura de Syrin, que está numa espécie de “coma”. Porém, há outros dois grupos atrás dele também. Tudo seria mais uma história de pancadaria, sem nada à acrescentar, se não fosse o argumento e os desenhos de Rob Liefeld (Youngblood, Heróis Renascem: Capitão América).
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Liefeld realizou um trabalho horrível em Wolverine. A começar pelo roteiro: tudo muito confuso; utiliza de flashbacks, mas não os distingue da linha de tempo normal; erros de continuidade; de conclusão; e por aí vai. Nos desenhos a situação piora dez vezes, deixando a impressão que Liefeld criou tudo às pressas e não se deu o luxo de revisar seu próprio trabalho, pois há erros gritantes, chegando a ser cômico.
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Logo no início, em sua luta com Deadpool, existe o primeiro grande erro. Os dois estão se confrontando até que o mercenário saca, do nada, duas pistolas enormes! Ele estava “apenas” com quatro espadas, em nenhum momento aparece uma arma e ele nem tem aqueles cintos que carregam os revolveres. E as mágicas não acabam por aí. Num restaurante, Logan está conversando com o barman e com a garçonete. Nessa seqüência há tantos erros que mais parece um passatempo dos 7 Erros. O barman ora tem todos os dentes, ora não tem; a garçonete está com um penteado, logo depois muda; sem dizer em dois quadros repetidos na cara larga e a expressão da mulher, que mais parece uma boneca. Mas o mais incrível é a cena abaixo. A garçonete vestia apenas uma mini-saia e um top e tira (não sei de onde) duas armas enormes. Isso é, no mínimo, estranho. Sem contar na posição em que são seguradas.
Pessoal, convenhamos, são erros grosseiros e ridículos para um desenhista famoso e com criações nas maiores editoras de quadrinhos. E o pior que tem quem goste (?).
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Infelizmente, não foi a primeira edição dos sonhos. Mas vamos levar em conta o trabalho que a Panini começou a desenvolver, por se tratar de uma mudança tão radical. No mais, vamos acompanhar as histórias seguintes, se Mística matará ou não o Senador Kelly e o futuro de Genosha nas mãos de Magneto, que são as únicas coisas interessantes no momento.