[Review] Coraline – Graphic Novel !

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Nome Original:  Coraline – The Graphic Novel 
Editora/Ano: Rocco, 2010 (HarperCollins Publishers, 2008)
Preço/ Páginas: R$48,00/ 192 páginas
Gênero: Fantasia/ Terror
Roteiro: Neil Gaiman & P. Craig Russell
Arte: P. Craig Russel & Lovern Kindzierski (Cores)
Sinopse: Tudo começa com a mudança de Coraline para uma antiga casa que tem por vizinhos velhinhos excêntricos e amáveis que não conseguem dizer seu nome do jeito certo, mas encorajam a curiosidade e o instinto de exploração da menina. Numa tarde chuvosa, Coraline consegue abrir uma porta que sempre estivera trancada na sala de visitas de casa e descobre um caminho para um misterioso apartamento ‘vazio’ no quarto andar do velho casarão. Para sua surpresa, o apartamento não tem nada de desabitado, e ela fica cara a cara com duas criaturas que afirmam ser seus “outros” pais.
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Coraline é um romance escrito por Neil Gaiman, o famoso criador de Sandman, lançado em 2002 e faturando os principais prêmios destinados à literatura fantástica e de terror: o Hugo Award, o Nebula Award e o Bram Stocker Award. Saiu no Brasil em 2003, pela editora Rocco. Em 2009, ganhou uma adaptação em stop-motion para o cinema, pelas mãos do diretor Henry Selick, o mesmo de O Estranho Mundo de Jack, concorrendo ao Oscar de Melhor Animação. Mas poucos sabem que, em 2008, foi lançado a adaptação em quadrinhos “Coraline – Graphic Novel”, com roteiro e desenhos de P. Craig Russell (Um Conto de Batman: Estufa), que já trabalhou com Neil Gaiman em títulos Sandman, como na adaptação de Caçadores de Sonhos.
coraline-graphic-novel-p-25C3-25A1gina-3Para quem já leu o livro ou assistiu ao filme, toda a essência da história está nesta graphic novel. P. Craig Russell já é experiente em adaptar obras, tendo transportado diversas óperas para os quadrinhos, como O Anel dos Nibelungos, de Wagner; A Flauta Mágica, de Amadeus; e diversas fábulas de Oscar Wilde. Vencedor de vários prêmios, Coraline é outra adaptação sua. O unico senão é que, para quem conheceu Coraline através do filme, estranhará a ambientação utilizada pelo autor, mais realista e não fantasiosa como no cinema.

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A história gira em torno de Coraline, uma menina que adora explorar novos lugares, e de seus pais, sempre ocupados e ausentes. A família acaba de se mudar para um novo apartamento e Coraline inicia sua exploração pelas redondezas, conhecendo seus vizinhos (duas velhinhas que adoram relembrar a juventude e um velho misterioso que  diz conversar e ter um circo de ratos. Todos sempre erram o nome da menina, insistindo em chama-la de Caroline. Numa de suas andanças, descobre uma porta trancada na casa e, ao abri-la, descobre apenas um muro. Sua mãe crê que antes havia uma ligação ao cômodo ao lado e que, quando dividiram a casa, muraram a porta. Coraline não fica totalmente satisfeita com a resposta mas tenta acreditar. Naquele mesmo dia, entediada, acaba caindo no sono e, ao acordar, decide verificar a porta novamente. Para sua surpresa, o muro não está mais lá, há apenas um corredor escuro. 
coraline-graphic-novel-p-25C3-25A1gina-4Ao atravessa-lo, chega numa sala igual à que estava, numa casa muito parecida com a sua. Coraline acha tudo muito estranho e as coisas só pioram quando conhece seus “outros” pais, um casal bem estranho, com botões em lugar dos olhos, que dizem ser seus pais. Na vizinhança também há versões estranhas de seus “outros” vizinhos. Em sua outra casa, Coraline explora todo o ambiente e percebe o contraste entre sua realidade e a que se encontra, com seus outros pais atenciosos e “carinhosos”, vizinhos divertidos e estranhos. Ao mesmo tempo que tenta descobrir o mistério que envolve a outra mãe e a casa. Os desenhos são ótimos, tudo muito bem colorido e polido, graças às cores de Lovern Kindzierski (que já trabalhou com Russell em títulos como Fair Tales of Oscar Wilde), parecendo um filme de animação, tamanha fluidez dos traços. Sua atenção é capturada à cada página virada, em fantásticas sacadas de continuação, como na página 66-67, onde Coraline conversa com o gato e passam pela porta que leva à outra casa. É interessante reparar também nas diversas referências espalhadas pelo álbum, como um livro de Meu Amigo Totoro, animação do estúdio Ghibli.

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Devido à ótima narrativa, o desenrolar da trama se assemelha bastante à um conto de fadas, como no trecho inicial “Coraline descobriu a porta pouco depois de terem se mudado para a casa. Era uma casa muito antiga – com um sótão sob o telhado… um porão sob o chão… e um jardim coberto de vegetação e de árvores grandes e velhas.” Porém, a protagonista não possui expressões muito definidas, há momentos de tensão que a personagem fica com cara de “paisagem”, como se levasse todos os estranhos acontecimentos com naturalidade. Essa situação só muda ao se aproximar do fim, onde podemos ver feições de raiva e felicidade mais definidas. Pode ser que seja para demonstrar a “infelicidade” da menina, que foi transformada ao decorrer da história. Mas no final ficou bem estranho. Fora isso, Coraline é uma ótima leitura, que lembra muito as aventuras de Alice no País das Maravilhas. Guardando as devidas diferenças, em ambos a protagonista descobre um universo paralelo através de algum animal, há um gato que a guia, dizendo frases “vazias e sem sentido”, personagens surreais e a dúvida que fica em torno dos acontecimentos, se são reais ou apenas um sonho. 

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Apesar de não ser a protagonista, a outra mãe consegue brilhar tanto quando Coraline. Sua cenas são ótimas, como quando é desafiada ou na cena em que come insetos. Seus “trejeitos” foram bem adaptados, como o estralar dos dedos. Pode parecer irônico, mas seu “olhar” de botão e seu sorriso para com Coraline parace uma predadora observando sua presa. A edição da Rocco possui ótimo acabamento, em brochura, com páginas grossas e lisas (sempre esqueço o nome desse tipo de papel). Só falha em não ter extras, ou uma pequena biografia dos autores envolvidos, considerando o valor alto.

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