Direção/ Ano: William Hanna & Joseph Barbera, 1947
Quarto Óscar consecutivo para Tom & Jerry, firmando o sucesso da série na era “Hanna-Barbera”, que ainda receberia outras três estatuetas. Em The Cat Concerto Tom se prepara para tocar a Rapsódia Húngara N.º 2, de Franz Liszt, e acaba acordando Jerry, que também quer tocar o piano. Assim os dois disputam nos tapas quem toca melhor. A dupla William Hanna e Joseph Barbera (produtores de séries como Flintstones, Jetsons, Scooby-Doo e Smurfs) finalizam o processo de “humanização” dos personagens, que começaram como simples gato e rato e, no decorrer dos anos, foram ganhando características humanas e diálogos.
O episódio fez bastante sucesso e se destaca pela sincronia da música. Apesar de não ser extremamente fiel (Jerry, por exemplo, quando acerta as teclas acaba tocando mais notas do que deveria), ela impressiona pelo movimento se igualar ao som, e lembrando que nessa época o processo de animação era feito manualmente. Além do solo de Rapsódia Húngara N.º 2, também é tocado composições de Frédéric Chopin, Scott Bradley e Harry Warren & Johnny Mercer, além da homônima The Cats Concerto de Franz Liszt.
É um dos poucos momentos em que Tom consegue, de fato, irritar Jerry e sair ganhando por um determinado tempo, claro. O curta foi eleito, em 1994, o 42º Melhor Animação pelo livro The 50 Greatest Cartoons, que compila os melhores curtas animados produzidos nos EUA votados por 1000 profissionais de animação. Mas apesar de suas qualidades, The Cat Concerto é mais memorável pela briga judicial que teve com o estúdio Warner.
Em 1946 a Warner lançou Rhapsody Rabbit, um curta da série Merrie Melodies e estrelado pelo Pernalonga, que também tenta tocar a Rapsódia Húngara N.º 2 e é atrapalhado por um rato que dormia no piano. Mesmo com a diferença de lançamento (5 meses), ambos foram produzidos no mesmo período e com a mesma empresa (Technicolor), que também entrou na briga, sendo acusada de enviar rascunho do roteiro de um para o outro; e tanto a Warner quanto a MGM se processaram de plágio. Não dá pra saber quem copiou quem, mas os dois são extremamente similares e, melhor ainda, com bons resultados. Confira Rhapsody Rabbit e tire suas próprias conclusões:
Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.