[Especial] Tio Patinhas: O Retorno de Edgar Allan Patoe!

Arcos Principais: As investigações de Auguste Dupatin (Le indagini di Auguste Duckpin) e Meu décimo sétimo milhão (Il mio diciassettesimo milione).
Publicação Original/ Brasil: Topolino #3208-3209 (Walt Disney, 2017)/ Tio Patinhas #629 (Abril, 2017).
Roteiro/ Arte: Riccardo Secchi e Fausto Vitaliano/ Libero Ermetti e Ettore Gula.

Essa edição de Tio Patinhas traz as histórias As Investigações de Auguste Dupatin e Meu Décimo Sétimo Milhão. A primeira é uma sátira ao Edgar Allan Poe, um dos mestres do mistério, e funciona como uma continuação da história Os Contos de Edgar Allan Patoe, publicada na edição #616. Já a segunda é da série dos Milhões do Tio Patinhas, que chegou ao fim recentemente na Itália, no 20º Milhão. Além do velho sovina, temos participação do Pato Donald, Professor Ludovico e da ótima Maga Patalójika, eu tava ansioso pra ler algo dela! Review sem spoilers.

AS INVESTIGAÇÕES DE AUGUSTE DUPATIN

Pra contextualizar, Edgar Allan Poe é um dos escritores americanos mais cultuados, conhecido por suas histórias de mistério escritas no século XIX, autor do famoso poema O Corvo e do detetive C. Auguste Dupin, considerado um dos primeiro detetives literários, que influenciou tantos outros, como o próprio Sherlock Holmes do Arthur Conan Doyle. Aqui, temos a versão pato de tudo isso: Edgar Allan Patoe, autor amador, chega em Paris e é recebido pelo detetive Auguste Dupatin, dando início a uma parceria e amizade. O autor da história, Riccardo Secchi, constrói uma trama cheia de detalhes e easter-eggs, que vão além de aparecer um simples corvo em algum quadro. Auguste Dupin, o original, participou em alguns contos do Poe, como Os Assassinatos da Rua Morgue, e também mora em Paris, com um colega de quarto que narrava suas aventuras. Então o jogo de metalinguagem na HQ ficou bem interessante.

A história é dividida em duas partes, se desenvolvendo com a chegada do Tio Patinhas na cidade, que veio comprar um quadro num leilão (pra revender, claro). Mas é surpreendido pela Maga Patalójika, que rouba sua Moeda Nº 1 da sorte, exigindo a presença e investigação de Patoe e Dupatin. Ao mesmo tempo, uma loja de doces na Rue De L’orgue é, aparentemente, assaltada de maneira misteriosa. Clara referência ao conto citado acima. Há várias cenas interessantes, como os métodos dedutivos de Dupatim sendo explicados, mas quem rouba a cena é a Maga, sempre hilária. Num momento ela leva uma livrada na cabeça que morri de rir. Os desenhos são de Libero Ermetti, que realçam o tom das referências que o autor sugere. A moeda roubada, por exemplo, provável derivado do outro conto com Dupin: A Carta Roubada. Um ponto que estranhei é a tradução: tanto a moeda quanto o nome do Patinhas estão em inglês.

MEU DÉCIMO SÉTIMO MILHÃO

Na casa de Vovó Donalda, Patinhas começa a narrar como ganhou seu 17º milhão ao sobrinho Donald, com Gastão e Gansolino a tira colo. Na época, ele tava muito confortável e convencido de sua posição, criando uma Patinhas Expo, expondo suas maiores invenções, quando se dá conta que sua fortuna estagnou e é avisado por um Xamã, o Sete-Penas, que se ele não fizer nada, as coisas irão de mal a pior. E dito e feito: as ações começam a baixar, lojas são roubadas e várias derrotas acometem o velho avarento, que entra numa jornada pra salvar seu cargueiro Rainha da Escócia, que está à deriva no mar. Quando cai numa ilha remota, precisa fazer o que está ao seu alcance pra lidar com a situação. Uma história não tão divertida quanto a anterior, mas que traz alguns pontos interessantes, principalmente sobre a personalidade do velho, explorando seu lado otimista, de acreditar na sorte mais que qualquer coisa, sempre tentando se adaptar e criar algo novo, reforçando a ideia de que, pra ser rico, geralmente é preciso ser mais esperto que qualquer coisa. E a tradução volta a melhorar. Quer dizer, “sete-penas”?

(Sete-peles, pra explicar a piada!)

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