[Review] Hell Eternal – Inferno em Vida !

Hell Eternal - Inferno em Vida Vertigo

Nome Original: Hell Eternal
Editora/Ano: Brainstore, 1999 (Vertigo, 1998)
Preço/ Páginas: R$5,90/ 64 páginas
Gênero: Alternativo/ Suspense
Roteiro: Jamie Delano
Arte: Sean Phillips
Sinopse: Anne Fielding é a típica garota gótica, que se apaixona pela “femme fatale” Sarah e acaba se envolvendo num triângulo amoroso e nos ideias neo-nazistas. Quando o trio resolve assaltar um grupo paquistanês pra juntar grana e viajar para os EUA e encontrar a milícia extremista, tudo passa a dar errado: perseguição policial, assassinatos, fugas e um fim trágico.

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Hell Eternal é uma daquelas histórias que nos faz pensar na vida. Não de uma forma melindrosa, mas em como estamos desperdiçando nosso tempo fazendo coisas sem sentido, seguindo a massa e tentando se encaixar em algum padrão, em tentar ser “aceito”. Os protagonistas aqui são os velhos jovens que querem revolucionar, estão preparados pra tudo, querem tacar fogo no mundo e implantar seu ideal. Mas, assim como no mundo real, nem tudo são flores e as consequências de certos atos podem ser fatais. Fica a pergunta: vale a pena sair do rebanho?

Hell Eternal - Inferno em Vida Vertigo página 1

Li essa história há mais de 3 anos, antes mesmo de ter o blog HQs By Fil. Na época achei bem legal, mas relendo hoje achei melhor ainda. É uma das poucas histórias sobre liberdade e anarquismo que te pega de jeito, me lembrando a tão adorada “Mate Seu Namorado”, do Grant Morrison. Anne Fielding é um gótica que não se preocupa em ser aceita na escola, que quer ser apenas ela mesma. Conhece num baile a femme fatale Sarah, com quem acaba se envolvendo num romance bem incomum. As duas querem revolucionar a sociedade, que chamam de “ovelhas”, nem que isso fique no mundo das ideias. Mas ao conhecerem David, um jovem extremista que deseja entrar para alguma milícia neo-nazista, seu mundo vira de cabeça pra baixo. Sarah se apaixona por ele, Anne acaba entrando no triângulo por amor à ela, mas percebe que não é tão querida assim.

O desejo de querer ser “alguém” de cada um fala mais alto, de quererem lutar por algum ideal e se mostrar pro mundo. David planeja um assalto à um grupo paquistanês. Anne é levada a tira colo. Tudo dá errado e o grupo, com alguma grana, foge para os EUA a fim de encontrar a tão sonhada milícia. O amadorismo do grupo fica visível, deixando a história realista. Quem nunca passou por isso? Tentou seguir algo ou alguém pra provar seu valor, mas dando tudo errado?

Hell Eternal - Inferno em Vida Vertigo página 2

Esse é o ponto que nos liga à protagonista, a gente se identifica com ela. Anne não é uma neo-nazista, mas a emoção do perigo e o poder em suas mãos falam mais alto. Ela fica animada em conseguir uma arma, como se fosse a tão desejada liberdade. Mas no momento em que precisa usá-la, percebe que a realidade não é como imaginou.

Hell Eternal segue com uma narrativa alucinante, praticamente um trhiller. As coisas vão se fechando cada vez mais e o leitor não consegue ver como isso vai terminar. A gente volta a se perguntar se vale a pena tudo isso. Eu diria que sim. Se o roteiro de Jamie Delano (Hellblazer) é muito bom, o mesmo pode-se dizer da arte de Sean Phillips (Criminal): tudo bastante emotivo, brutal e sem rodeios. Matt Hollingsworth (Preacher) assina as cores, outro toque fundamental na arte: seu sombreamento é excelente.

Hell Eternal - Inferno em Vida Vertigo página 3

No decorrer das páginas temos várias passagens bem interessantes. Uma delas é a tal “Philys”, o contato de Anne dentro da milícia. Elas se conheceram pela internet, em forums (estamos falando de 1998). O momento em que se encontram é tudo, menos previsível! Anne também tem um melhor amigo: Ruger, que é um revólver!

Talvez Hell Eternal não seja brilhante em se tratando de “jovens com raiva da vida que resolvem mudar o mundo”, mas com certeza é uma boa leitura, bem construída tanto em roteiro quanto em visual. Publicada por aqui em 1999 pela Brainstore, na época em que editoras menores lançaram uma tonelada de material Vertigo (muitos inacabados). Assim como várias dessas HQs, possui acabamento com capa couché e miolo pisa-brite, daquele bem ruim. A tradução escorrega em alguns momentos e o letreiramento também é ruim, com um fonte estranha e as vezes mal posicionada no balão. Pelo bem ou pelo mal, felizmente temos publicada no Brasil!

nota 9,0 k

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