Nome Original: O Miolo Frito #1
Editora/Ano: Independente, 2013
Preço/ Páginas: R$25,00/ 56 páginas
Gênero: Alternativo
Roteiro/ Arte: Adriano Rampazzo, Benson Chin, Breno Ferreira, Camila Torrano, Shun Izumi e Thiago A. M. S.
Sinopse: projeto que reúne quadrinhos alternativos com temática gastronômica.
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“O Miolo Frito” é uma publicação independente lançada recentemente por 6 quadrinistas: Adriano Rampazzo, Benson Chin, Breno Ferreira, Camila Torrano, Shun Izumi e Thiago A. M. S.. É, como eles mesmos dizem: “um rodízio psicoativo de quadrinhos mastigáveis, nem sempre digeríveis”.
São 9 histórias com fundo gastronômico, politicamente incorretas e com muita trasheira, além de algumas ilustrações. É um material bastante surreal e “escroto” (no bom sentido da palavra ^^) que nos lembra os quadrinhos independentes mais antigos, porém com uma roupagem totalmente nova e sofisticada. O que mais chama a atenção na edição são as cores, o que comentarei mais pra baixo.
É uma leitura bastante rápida e, como em qualquer álbum de várias histórias, há aquelas que gostamos mais e às que gostamos menos. A primeira é “Ingrediente Para Uma Sopa Borshc” da Camila Torrano, com destaque para a presença de Baba Yaga, seguido de “Comidinhas” do Thiago A.M.S, muito engraçada sobre a droga “amor”. “Programa Jão” do Shun Izumi apresenta um Coelho ensinando como preparar um coelho, me lembrou Happy Tree Friends ^^.
“A Nova Culinária Sustentável”, do Benson Chin, explica como o corpo humano também pode ser utilizado pra tudo quanto é coisa e dá até pra usá-la como crítica à exploração animal. “Pausa Para o Café” é do Breno Ferreira, bem curtinha mas com uma ótima sacada. Breno também assina “A Asa do Frango”, história muito surreal e estilizada sobre um cara que quer comprar asas de anjo.
Adriano Rampazzo também possui duas histórias: “Unidos Pela Mesma Paixão” de uma página só e “O Inventário das Aventuras da Coxinha Voadora”, ambas com o tema “coxinha”. A mais longa é tão bizarra e hilária que é engraçada só de imaginar. Já o último “conto” (Docinhos) que fecha a edição é o mais longo de todos, criado por Benson, Breno e Shun. Também é a mais bem desenvolvida e aprofundada, mas igualmente surreal. Um homem resolve comprar um veneno para matar formigas e elas, inocentemente, acabam levando um brigadeiro contaminado para a “cidade das formigas”. O que acontece em seguida é uma orgia muito louca entre elas, culminando numa tragédia. Mas elas não deixarão barato e preparam uma vingança contra o humano. Muito boa, sensacional!
Gostei muito de “Docinhos”, “A Asa do Frango” e “Coxinha Voadora”, as três últimas histórias. Principalmente pelo fato delas serem mais longas e estruturadas, porém todas são bem interessantes. O acabamento gráfico merece uma atenção especial: foi feito através de risografia, impresso numa MZ770. Algo raro entre HQs, eu mesmo nunca tinha visto uma. A paleta de cores é bem limitada e muitos dos traços e preenchimentos acabam não sendo totalmente alinhados, o que dão um charme todo retrô e pop ao título. A lombada é grampeada e a textura do miolo é bastante macia, quase que feito com giz de cera ou pastel. Devido a isso, pode ser que a tinta solte um pouco na mão.
Vale comentar que o lançamento de “O Miolo Frito” atrasou e, para compensar os leitores, o grupo publicou “O Miolinho” que nada mais é que uma prévia do que estaria por vir, mas com histórias inéditas e em formatinho, sendo vendida à R$12,00 ou por R$30,00 junto de seu irmão mais velho. No miolinho tem outra história da Coxinha Voadora e uma de um frango mutilado, ambas chocantes e até mais trash que as do Miolo Frito, amei. Agora que ambas foram lançadas, os autores já possuem uma ideia do que fazer numa futura edição #2. Se eu pudesse sugerir algo, diria que o formatinho é a melhor opção para as histórias curtas e ilustrações (por ser pequeno, mais prático e barato) e reservar o formato magazine às mais longas como “Docinho”, principalmente pelo preço ser mais alto e entregar ao leitor algo “maior”. Uma ótima empreitada nacional.
Eu comprei as minhas na loja Monkix da Rua Augusta, que eu não conhecia e o atendimento é excelente. Há bastante material independente lá, recomendo uma visita.
Fil Felix é ilustrador e escritor. Criador dos conceitos e personagens do universo da Central dos Sonhos. Fã de HQs, gosta de escrever reviews desde 2011, totalizando mais de 600 delas em 2023. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a Coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou seu primeiro livro infantil em 2021: Zumi Barreshti, da editora Palco das Letras.