Batman & Robin: destaque da edição, Peter Tomasi consegue equilibrar a porradaria característica dos heróis com o drama interno dos mesmos, sem parecer clichê. O vilão Ninguém prendeu os protagonistas e os obrigou a assistirem filmagens de assassinatos, levantando a duvidosa decisão do Batman em não matar seus inimigos, afinal de contas, se Coringa e Cia. fossem mortos, isso não impediria a morte de vários inocentes? Alfred chega para ajudá-los a escapar numa ótima seqüência (o desenhista Patrick Gleason está de parabéns nessas tomadas) e, mais tarde, Damian se choca por ver o pai ferido, percebendo que não fazem parte do segmento de heróis invencíveis ou imortais. O fato de Robin ter uma visão diferente de Batman do que é certo ou errado, de deixar viver ou morrer, atraiu a atenção de Ninguém e pode dar um belo desfecho. Apesar de não simpatizar muito no início, agora é uma das séries que mais estou curtindo no mix.
Batwing: o vilão Massacre é deixado um pouco de lado e a história foca no passado de David Zavimbe, quando atuava no grupo de soldados-mirins especialistas em assalto e assassinato. Atuando com seu irmão e sob a tutela de Keito, ele cometeu vários crimes até se redimir e se voltar contra o próprio líder. No presente, outro membro do Reino morre e o círculo se fecha para Batwing, quem será o próximo alvo de Massacre? A arte deixa de ser de Bem Oliver e passa a ser de Chris Cross, mais “tradicional” e cartunesca, a expressão de seus personagens é bem caricata. O estilo dos dois desenhistas é bem distinto, causando uma grande transformação na narrativa. Pra mim essa mudança foi para melhor, pois ficou mais ágil e dinâmica, sem os infinitos quadros sem fundo de Oliver. Infelizmente, o nível de sangue diminuiu ^^.
Batgirl: a trama contra o Espelho chega ao fim de forma bem tosca. Bárbara descobre os motivos do vilão em querer matar sobreviventes de acidentes fatais e o atrai para um parque de diversões abandonado, mais especificamente para a Casa dos Espelhos. Sério Srta. Simone? Em paralelo, a protagonista comenta sobre sua família para a colega de quarto e divide presentes com a mesma. Ela também fala sobre sua mãe desaparecida e, no final, advinha quem aparece para apimentar o drama familiar? Os desenhos de Ardian Syaf continuam bons, com destaque para as cenas com os espelhos, porém essa edição da Batgirl deixou um pouco a desejar, mesmo para quem vinha curtindo a série.
Mulher-Gato: são mostradas as conseqüências da morte de Lola, a melhor amiga e ajudante da Mulher-Gato em seus crimes. O vilão superestimado Ossos está fora de circulação e agora Selina precisa agir sozinha, não colocando mais ninguém em risco. Um detetive busca apoio da polícia para investigar alguns roubos que, aparentemente, foram feitos pela mesma pessoa; será, provavelmente, o novo antagonista sexy da Mulher-Gato? Ao final ela encontra uma nova vilã e se enfia numa situação um pouco complicada demais pra sobreviver. Edição legal, principalmente por mostrar os “bastidores” do crime em Gotham, porém a morte de Lola não pôde ser sentida pelos leitores, já que não houve tempo suficiente para termos simpatia com ela, sendo seu fim bastante prematuro. E continuo sem entender as coxas desenhadas por Guillem March ^^
Capuz Vermelho e os Foragidos: a série não apresenta grandes mudanças e continua com sua ação desenfreada e um “pouco” sem sentido, havendo duas situações nessa edição. A primeira envolve Capuz e Arsenal procurando um dos Inomináveis numa cidadezinha; depois de uma briga num bar, acabam encontrando seu alvo disfarçado de policial. A mulher é uma mistura de The Walking Dead com Resident Evil (aquela coisa na cabeça dela) e a porradaria corre solta. A segunda situação é com a Estelar, atacada por um monstro que jurou vingança contra a raça alienígena por, anos antes, ter os pais mortos por uma nave Tamaraniana que caiu acidentalmente na Terra. Mais porradaria. A sensação de videogame continua, com raios, luzes, super-poderes e chefões surgindo do nada, consigo imaginar um controle plugado nos personagens. A arte de Rocafort é bastante dinâmica e rápida, sendo o “destaque” da série.
Asa Noturna: assim como em Batwing, a arte também sofre mudanças aqui. Sai Eddy Barrows e entra Trevor McCarthy em seu lugar. A diferença de traço não é tão drástica quanto na série anterior, mas é perceptível. As famosas piruetas de Dick continuam com o “efeito-fantasma”, um dos destaques de Barrows, porém aqui são usadas exaustivamente, chegando a hora em que não se sabe mais o que ele está fazendo. A Batgirl aparece no circo (atrapalhando um momento íntimo de Dick e Raya), pedindo sua ajuda para encontrar um vilão. A trama se desenvolve, então, nesta missão, quase que uma continuação da série da Bárbara. O objetivo do Asa Noturna (assassinato do Sr. Halley e Cia.) só é retomado ao final. Apesar de nenhuma novidade, continua uma boa história.
Batwoman: fechando com chave de ouro A Sombra do Batman, temos uma aventura visualmente excelente e trama competente. A arte de J. H. Williams III é inconfundível, abusando de páginas duplas e diagramação inusitada, além de belas seqüência. Aos poucos ela fica manjada, claro, mas não perde o mérito. Kate Kane escapa da Llorona e este aspecto do arco fica em segundo plano, dando maior atenção aos dramas da protagonista. Seu relacionamento com Maggie Sawyer está comprometido e lidar com a heroína mirim Labareda também não está fácil, além da policial Chase continuar suas investigações para desvendar a identidade secreta da Batwoman, agora interrogando o próprio pai da moça. É minha série preferida do mix e, ao lado de Batman & Robin, os destaques da edição. Vale comentar a página final, retratando três grandes momentos.
A Sombra do Batman #4 possui capa LWC, miolo pisa brite e reprodução das capas originais (em menor escala). Devido à quantidade de séries, a revista está abarrotada e não há espaço para capas grandes, sessão de cartas, comentários ou algo do gênero. Continua uma boa leitura para fans da bat-família.
Fil Felix é ilustrador e escritor. Criador dos conceitos e personagens do universo da Central dos Sonhos. Fã de HQs, gosta de escrever reviews desde 2011, totalizando mais de 600 delas em 2023. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a Coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou seu primeiro livro infantil em 2021: Zumi Barreshti, da editora Palco das Letras.