É dia de campeonato na escola Tomoeda, onde os alunos praticam diversos esportes e chamam seus pais para participarem de uma corrida. Sonomi, mãe de Tomoyo, finalmente aparece e se surpreende ao ver o pai de Sakura, Fugitaka, pois eram antigos amigos (ela, inclusive, é prima da mãe de Sakura). O clima tenso entre os dois rendem diversos momentos cômicos. Vale comentar do humor sútil presente na série, principalmente nos comentários da protagonista sobre os acontecimentos.
Pétalas começam a cair na escola durante o campeonato e deixa todos soterrados, sendo necessário a intervenção de Sakura ao descobrir que trata de uma carta Clow. Além desta (Flor), ela encontra no decorrer do volume as cartas Trovão, Espada e Sombra. Em alguns momentos Shoran auxilia na captura, mas seu objetivo principal é tirar Sakura de cena. Kero também não gostou do “moleque”, por se ofender ao ser chamado de “bichinho de pelúcia”.
Também se comenta sobre a “desgraça” que irá ocorrer caso as cartas não sejam reunidas. Kero não explica, de fato, o que vai acontecer, mas deixa nas entrelinhas que não é algo literal. Apesar da linha que conduz a narrativa ser a busca das tais cartas, o grande destaque desse volume é o relacionamento entre os personagens, muito bem desenvolvido e cativante. A começar por Sakura e Tomoyo: as duas são bem próximas e se ajudam no que for preciso, mas não é uma simples amizade, fica no ar o que Tomoyo realmente sente por Sakura; num determinado momento ela diz que possui um “diferente tipo de gostar”.
Por outro lado Sakura é apaixonada pelo jovem Yukito, e não parece ser a única. Toya e até mesmo Shoran demonstram sentirem algo por ele, como é possível perceber em várias cenas. Neste volume acontece o Dia dos Namorados, onde as meninas entregam chocolates para os meninos (que retribuem em outra data comemorativa). Tomoyo entrega um para Sakura; que entrega para Yukito; que também recebe de Shoran; causando um certo ciúme em Toya. Não podemos esquecer que todos são crianças/ adolescentes e o CLAMP adora brincar com essa questão (como Doumeki e Watanuki em xxxHolic). Mas independente do “tipo de gostar” que os personagens sentem um pelo outro, esse é um dos principais destaques de Card Captor Sakura, ao lado de sua história simpática e empolgante. A JBC continua colocando mais de 15 páginas coloridas em papel de qualidade no início da edição, compensando o valor pago e o título de “Edição Especial”.
Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.