Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.
[Review] Universo DC Apresenta: Desafiador #2 !
Nome Original: DC Universe Presents #3 e #4
Editora/Ano: Panini, 2012 (DC, 2011)
Preço/ Páginas: R$6,90/ 52 páginas
Gênero: Alternativo
Roteiro: Paul Jenkins
Arte: Bernard Chang
Sinopse:Boston Brand precisa de respostas e, para virar a mesa e descobrir as reais intenções da deusa Rama, ele fará qualquer coisa… Até mesmo torturar um anjo. E um adversário surpreendente e ameaçador surgirá em seu caminho para levá-lo ao mais insano passeio de montanha-russa de sua vida.
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Essa nova mini-série do Desafiador teve um começo promissor: personagem interessante, história cativante, ótimas sequencias, cenas e diagramações inusitadas de Bernard Chang (Superman, Mulher-Maravilha) e as belas capas de Ryan Sook (7 Soldados da Vitória). Porém, apesar de continuar uma boa leitura, a história decaiu um pouco e, se não fosse pelo protagonista, poderia se passar por algum arco de Hellblazer devido o clima “Lúcifer-demônios-etc”. Coincidentemente, Paul Jenkins (o roteirista) escreveu para a série do Constantine entre 1995 e 1998.
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Recapitulando, Boston Brand era um trapezista egoísta que, durante um de seus shows, foi assassinado. No “outro mundo” ele encontra a entidade Rama que lhe dá a oportunidade de voltar à Terra caso realize alguns estranhos objetivos: possuir o corpo de uma lista de pessoas para ajudá-las num determinado problema. Anos se passaram e Boston, cansado de pular de corpo em corpo, procura por Rama para tentar descobrir para quê ele precisa, realmente, fazer isso. A deusa não diz nada e, no fundo, percebe-se que ela esconde algo. Boston, então, resolve descobrir por conta própria o que está acontecendo e seu primeiro passo é visitar a boate Rocha Lunar, frequentada por vampiros, lobisomens e afins de Gotham, além de esconderijo da Bibliotecária, entidade que possui os “livros da vida”.
Desafiador #2 começa com Boston amarrando a Bibliotecária e procurando pelo livro que conta sobre sua vida. Infelizmente, ao encontrá-lo, percebe que está em braile, já que a velha é cega. Mesmo assim, não desiste de seu objetivo e ameaça destruir toda a biblioteca caso a mulher não diga algo que o ajude. Ela cede e diz para procurar pelo Filho da Manhã, um anjo caído que vive num Parque de Diversões de Gotham que é capaz de responder qualquer pergunta que possa ser formulada (com um preço a pagar, claro).
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O nome do arco (20 Perguntas) é referente ao desafio que Filho da Manhã dá à Boston: ele responderá 20 perguntas e, ao final, vai querer uma lembrança em troca. E todo esse “passa ou repassa” acontece numa montanha russa. Outros eventos interessantes são as lembranças das “outras vidas” de Boston e as próprias respostas do irmão do Lúcifer para algumas questões humanas.
Porém, não acontece nada de muito empolgante. O confronto com a Bibliotecária poderia ser maior, pois ela foi um dos personagens mais interessantes que apareceu, além de que se entregou muito facilmente. O “passeio” com Filho da Manhã foi bom, mas também nada de impressionante. O destaque da edição fica por conta dos recordatórios de Boston brincando com clichês de vilões e algumas piadas contadas por ele e demais personagens. Ao final temos, inclusive, um trocadilho com a famosa propaganda da MasterCard.
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Seguindo o modelo da primeira edição, a Panini colocou um extra no final: uma matéria especial contando sobre a criação do Desafiador e como foi seu início editorial, criada por Carmine Infantino e Arnold Drake, o desenhista e roteirista da que seria a “Deadman #1” (1967), respectivamente. Desafiador #2 possui capa couché, miolo pisa brite e traz as capas originais no miolo. Seu preço (um pouco mais caro que demais publicações mensais no mesmo formato) é devido sua tiragem menor e exclusividade para Comic Shops e grandes livrarias, um método que a Panini encontrou para viabilizar séries menos “comerciais”.