Exilados é a primeira historia e somos surpreendidos logo de cara. O roteirista Judd Winick criou uma história onde não há diálogos, balões ou recordatórios, sendo totalmente visual. Em histórias assim o trunfo fica por conta do desenhista, que precisa expressar por sua arte os sentimentos e emoções dos personagens. Mas não é o que acontece.
Passado a última aventura, Blink e Cia. se teletransportam para um hotel afim de descansarem. O que se segue são várias sequencias mostrando o que o grupo está sonhando. Solaris, por exemplo, não consegue fugir da proteção de seus pais e Mímico sonha com uma vida tranquila ao lado de Blink e de seus dois filhos. Por não possuir textos, a leitura é rápida e, ao final, o leitor fica com um grande “interrogação” na cabeça. Essa história quase que não acrescenta à cronologia do grupo e também não agrada isoladamente. O desenhista Mike McKone poderia inovar nas diagramações ou deixa-las mais fluidas, já que o trabalho ficou todo em cima da arte.
Em seguida temos a segunda parte da mini Ícones: Ciclope. Na edição anterior, Scott tirou férias e acabou sendo atacado por Black Tom e Fanático, que perderam, mas foram seguidos pelo x-man, que quer descobrir a verdadeira identidade de Ulisses, o cara por detrás do pedido de assassinato. Apesar de bem narrada, não há nenhuma novidade. É o velho caso onde o herói é atacado por um inimigo que guarda algum rancor sobre algo que, provavelmente, o herói não é culpado. Fanático é um personagem durão e, muitas vezes, de pouca inteligência, mas sua representação aqui está um pouco cômica, ele age como se fosse uma criança.
As citações ao livro Arte da Guerra, de Sun Tzu, são interessantes e acompanham a dificuldade que Scott tem de controlar suas rajadas quando está sem o seu visor. A arte de Mark Texeira continua sendo o ponto alto da mini, com sua diagramação interessante, caracterização dos personagens estilizada e as cores escuras do estúdio Transparency Digital. Mas não é o suficiente para segurar a trama já batida.
A terceira história é da X-Force que, pra mim, é a melhor série a compor o mix, mas também não escapou da “maldição” da edição #13 de X-Men Extra. Com a saída do Técnico na liderança da equipe, um outro cara toma o lugar e os membros mais antigos precisam recrutar dois novos parceiros, já que o grupo sofreu várias baixas ultimamente. Dentre os candidatos, o mutante Spike se destaca por possuir personalidade forte e, quando descobre que não será contratado, arma uma confusão com o Anarquista.
Apesar de continuar interessante, faltou aquele “boom” clássico que a série trazia. Peter Milligan explora outros lados da equipe e inclui alguns temas polêmicos, como racismo. Spike possui o mesmo nome e poderes do Spike da série animada X-Men Evolution, só que mais grotesco. Apenas no final, quando uma candidata invade inocentemente o QG do grupo que sabemos se tratar da Nova X-Force. A arte de Mike Alrred continua excelente, assim como as cores de sua esposa, Laura Allred.
Finalizando, a última história da mini X-Treme X-Men: Terra Selvagem. Não enxergo qualidades nessa série e acho impressionante alguém comentar, na sessão de cartas, que se trata da melhor história de todo o mix. Ela não empolga, é confusa, se passa na Terra Selvagem, ótimo lugar para histórias “paralelas” e termina de forma irreal. Resumidamente, os X-Men ajudam uma turma de reptilianos a voltarem à sua terra natal e a conviverem em paz com os humanos do lugar. Imago captura boa parte da equipe e “involui” Tempestade à uma forma bastante primitiva, atacando todos os seus colegas. Chris Claremont não sabe mais lidar com muitos personagens e temos diversas coisas acontecendo ao mesmo tempo, além de erros de continuidade. Chega um ponto em que você não sabe quem é vilão e quem é herói.
O acabamento da Panini continua o mesmo, com capa cartão e miolo em LWC, com a sessão de cartas e novidades, além dos resumos de outras publicações ao final, faltando apenas a capa original de Exilados. Porém, há um erro gritante nessa edição: muitas páginas estão com a impressão errada, sendo que as cores estão fora dos traços, ficando bastante embaçada e comprometendo a arte dos desenhistas. Na próxima edição a série normal de X-Treme X-Men retorna e esperamos que a qualidade de X-Men Extra volte a melhorar, pois ultimamente só está decaindo, principalmente se comparada ao mix principal com os roteiros de Grant Morrison.
Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.