Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.
[Review] xxxHOLiC #13 e #14 !
Editora/Ano: JBC, 2008 (Kodansha, 2005)
Preço/ Páginas: R$6,90 / Cerca de 100 páginas cada
Gênero: Fantasia/ Comédia
Roteiro / Arte: CLAMP
Sinopse: Watanuki tem uns sonhos meio estranhos no qual ele não enxerga de um olho, e conclui que o responsável por isso é o Mokona, que está sentado na frente de um de seus olhos. Uma estranha, e muito nervosa, moça aparece na loja de Yuko trazendo uma fotografia e diz que pagará qualquer valor para que a bruxa resolva seu problema de uma vez por todas. O que de estranho haverá nessa foto? O problema com a fotografia parece longe de ser resolvido… Ainda muito nervosa, a cliente de Yuko recebe a notícia de que mesmo o mais forte lacre da bruxa das dimensões parece totalmente ineficiente. Estará ela mesmo disposta a pagar o preço para que seu desejo seja atendido? Como se não bastasse toda essa confusão, Watanuki ainda continua a ver coisas duplas. Qual será a origem desta confusão?
xxxHolic é uma das minhas séries prediletas e consegue manter a qualidade de suas histórias, mesmo sendo medianas neste volume 7, composto pelas edições #13 e #14 nacionais, não ocorrendo nada de surpreendente, mas é simpática e uma leitura agradável, como sempre.
O destaque do volume é a perda do olho direito do Watanuki, que terá maior importância mais pra frente, além do mistério em torno de Himawari, já que Yuko sempre comenta da duvidosa sorte que a menina traz à Watanuki, mesmo sendo ele apaixonado por ela. Há um caso interessante para Yuko tratar e uma sequencia muito boa ao final.
A edição #13 começa com o “caso aranha”. Sem querer, Watanuki esbarra numa teia de aranha no quintal do templo onde Doumeki mora e, para ajuda-lo, ele retira toda a teia envolta do braço dele com um pedaço de madeira. Algo cotidiano, se não fosse o “rancor” guardado pelo animal que morava naquela teia, agora destruída. Como Yuko comenta, algo que possa parecer insignificante para uns é uma perca inimaginável para outros. Neste caso, a vítima foi a aranha. O tema “rancor” é algo bastante comum na mitologia japonesa, vastamente utilizados em filmes de terror, como O Grito (Ju-On, no original).
O rancor da aranha é tão forte que fecha o olho direito do Doumeki, impossibilitando-o de abrir. Sabendo disto (e se sentindo culpado), Watanuki pede à Yuko que ajude o amigo, mas o único jeito de tirar tal rancor é fazendo com que a atenção da aranha seja voltada à outra pessoa, ao estilo “olho por olho”. Nisso, o olho direito do Watanuki é roubado, um fato bastante importante para a mitologia da série. A bondade de Watanuki é algo que ele precisa combater, como é dito pela Yuko, pois quase sempre o atrapalha. Doumeki se sente incomodado por ter melhorado, mas em detrimento de outro, e resolve se distanciar do colega.
O olho perdido e as dúvidas em torno da influência de Himawari em Watanuki são os principais pontos do volume, sendo o restante uma leitura agradável, mas sem muito à adicionar. O CLAMP não é de desperdiçar personagens, e se concentrar num núcleo razoavelmente pequeno (basicamente Watanuki, Doumeki, Himawari e Yuko, além de Maru, Moro e Mokona) faz com que cada um tenha importância na trama, então é quase certeza que Himawari é mais que um rostinho meigo.
O “caso” a ser resolvido neste volume é o de uma mulher que quer se livrar de uma estranha foto. Yuko recebe a imagem e a coloca numa moldura especial que funcionará como lacre. Mas o estranho é que a mulher na foto começa a se mover e a moldura a derreter. A resolução do mistério é bastante interessante e Yuko, mais uma vez, comenta sobre o quão pesada uma vida pode ser. Ao final, a melhor sequência do volume: o “bicho do livro”, um ser que engole palavras de livro. Nesta parte dá pra ter algumas sacadas quanto à Himawari e o que aconteceu com o olho roubado de Watanuki.
O acabamento e preço continuam o mesmo, apesar das folhas estarem levemente mais brancas e as ótimas notas de tradução da JBC são mantidas. Sem muita exuberância, continua sendo uma leitura bastante amigável para fans de xxxHolic.