[Review] God Save The Queen !

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Nome Original: Joou no Hyakunen Misshitsu
Editora/Ano: NewPop, 2010 (Gentosha Comics, 2001)
Preço/ Páginas: R$14,00/ 184 páginas
Gênero: Suspense
Roteiro: Mori Hiroshi
Arte: Suzuki Yuka
Sinopse: Michiru Saeba se perde durante uma de suas viagens. Já exausto e com fome, Michiru decide procurar alguma vila ou casa para buscar abrigo e alimento. E é assim que ele acaba encontrando uma estranha cidade autossuficiente regida por uma jovem rainha que segue fielmente os desígnios de Deus. Mas um crime acontece, o príncipe é estrangulado. Todos da cidade aceitam a morte como algo natural e desígnio de Deus, mas Michiru não aceita tal explicação e começa a investigar mais a fundo. Seu passado negro vem a tona e segredos são descobertos, seu desejo de vingança se mescla às suas dúvidas.
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God Save The Queen é uma adaptação em mangá do romance homônimo escrito por Mori Hiroshi (inédito no Brasil), com os desenhos de Suzuki Yuka. O autor já escreveu outros livros/ mangás de mistérios como “The Perfect Insider” e “The Sky Crawlers”, já tendo trabalhado com Yuka (“Ouchi de Gohan” e “Labyrinth in Arm of Morpheus”) em outras ocasiões. Lançado originalmente em 2001 nas páginas da revista Comic Birz (da ed. Gentosha), chegou por aqui pelas mãos da NewPop que, como de costume, capricha no acabamento de seus mangás.
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Na questão visual os traços de Yuka são agradáveis e bonitos, mas por vezes não acompanha o roteiro, o grande trunfo do mangá. Estamos em 2113, com o mistério de Michiru Saeba e seu robô Roidy que, no meio de uma viagem, o GPS pára de funcionar e acabam por se perderem, além do combustível do carro acabar. Caminhando em busca de alguém ou algum lugar, chegam à cidade Lunatic, onde o povo local os recebe muito bem, dizendo que foram enviados por Deus. A cidade possui uma Rainha, Debou Suho, mensageira direta de Deus e que previu a vinda da dupla. Apesar de estranhar, Michiru aceita as boas-vindas da população e aproveita para passar um tempo se recuperando.
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Tudo parece ir muito bem, mas Lunatic é cercada de mistérios e um fato, em especial, desencadeia em Michiru uma desconfiança em torno da Rainha, seus súditos e as pessoas locais, além de certos costumes. Na cidade, quando alguém morre ou adoece, eles incubam o corpo num sistema que as mantém “vivas”, como num coma; eles chamam isto de Sono Profundo. Sendo assim, as pessoas de Lunatic não morrem, todas entram neste estado físico, pois acreditam que chegará o dia em que Deus as acordará. A própria Rainha passa por este estado de tempos em tempos, a fim de manter a juventude e a tradição local. Seu filho, o príncipe Jura, é encontrado morto no castelo e logo se inicia o processo de Sono Profundo, mas Michiru percebe fortes hematomas no pescoço do rapaz e comenta achar que não se trata de morte natural, e sim de assassinato por enforcamento. Mas as pessoas ignoram, pois, além de não acreditarem que ele morreu, também não acreditam em assassinatos. Michiru não se conforma e tenta reunir pistas para encontrar o culpado. Para completar ele descobre que está na cidade um famoso assassino, Mano Kyoya, que já foi perseguido por ele anos antes. E temos iniciada sua busca pela verdade.
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O roteiro deixa o leitor preso do início ao fim. Quem é este Deus em Lunatic? Por que utilizam de sistemas para esconder a localização da cidade? Por que ninguém se importa com o assassinato do príncipe? O que os cidadãos escondem? Por que eles não podem sair? O que trouxe Kyoyaaté ali e qual sua relação com o protagonista? Como sair de Lunatic? Essas e diversas outras questões começam a surgir na história, graças ao bom desenrolar e narrativa de Hiroshi e Yuka. Os momentos finais são surpreendentes e acredito que seja inesperado para todos os leitores, fazendo muitos voltarem às páginas e se perguntar “como não percebi isso antes?”. Sem dúvidas, um dos melhores mangás do gênero lançado por aqui.
 
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A relação duvidosa entre Michiru e o robô Roidy será alvo de grandes suspeitas por parte dos leitores, pois os dois são muito “próximos”. Essa sincronia de ambos é um fato bastante explorado no final. Algo interessante de comentar é a percepção do personagem e sua personalidade. Diferente de diversos outros protagonistas de histórias de suspense, Michiru é uma pessoa bastante sensata e age naturalmente, na medida do possível, com atitudes que o leitor provavelmente faria, além de acompanhar nossa linha de raciocínio. É óbvio que a cidade guarda algum secreto, e ele sabe muito bem disso, porém é preciso permanecer no local até encontrar um meio de sair. Nesse meio tempo, ele reuni pistas e, por vezes, beira à insanidade, recordando fatos de seu conturbado passado.
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O ritmo do mangá é, na maior parte do tempo, suave e calmo. Os desenhos de Yuka, apesar de ótimos em cenas de ação, abusando de tons escuros e na sensação de movimento, ficam “vagos” em outras partes, com poucos detalhes em paisagens, locais e expressões. Porém não é nada gritante.
 
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A edição da NewPop segue o padrão de outros lançamentos da casa, como Blood Honey, trazendo um título em capa cartonada, miolo off-set e um preço razoável. De extras, alguns rascunhos de Suzuki Yuka. De negativo, a editora deixou passar alguns erros de português e não numerou as páginas.
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God Save The Queen não obteve (aparentemente) um grande êxito no Brasil, mesmo com um nome que lembra Sex Pistols (a música) ou Queen (o cover), que o faria ser, no mínimo, conhecido. Fora as notícias de que a NewPop o lançaria, é muito difícil encontrar outras informações do mangá, o deixando na obscuridade. Até mesmo no exterior essas informações são difíceis de encontrar, inclusive reviews e imagens (scaneei essas). Em 2005 foi lançada a seqüência “Labyrinth in Arm of Morpheus” que, devido aos fatos acima, dificilmente chegará ao Brasil, infelizmente.
nota 9,0 h
*À nível de curiosidade, na França foi lançado os dois álbuns da série (God e Labyrinth) na coleção Chefs-d’œuvre de Hiroshi Mori, em meio à outros mangás de Hiroshi, pela editora Soleil Productions.  

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