Nome Original: Clive Barker’s The Thief of Always
Editora/Ano:Pixel Media, 2006 (IDW Publishing, 2005)
Preço/ Páginas: R$33,00 / 144 páginas
Gênero:Suspense/ Fantasia
Roteiro:Clive Barker & Kris Oprisko
Arte:Gabriel Hernandez
Sinopse:Criada por Clive Baker, escritor e cineasta que nos anos 80 virou sinômino de “terror”, essa HQ é um conto sobre tornar-se adolescente em um mundo de fantasias. Na trama, o pequeno Harvey vai parar na Casa de Férias, um lugar onde todas as estações do ano acontecem em um único dia e onde os sonhos viram realidade de imediato, mas a um preço alto.
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Clive Barker é considerado um dos mestres da literatura e do cinema de horror, sendo o criador da famosa série Hellraiser, além de um ótimo ilustrador, já tendo criado figuras de ação para a McFarlane Toys, em sua coleção Tortured Souls. Apesar de sempre estar envolvido com o terror, Barker lançou, em 1992, um livro infanto-juvenil chamado O Ladrão da Eternidade. Mesmo voltado ao público infantil, pode ser considerado uma fábula “adulta”, sombria. O livro fez certo sucesso e ganhou uma adaptação em quadrinhos pelas mãos de Kris Oprisko, a graphic novel Clive Barker’s The Thief of Always, lançada em 2005, originalmente em 3 edições, com os desenhos de Gabriel Hernandes. Mais tarde as edições foram compiladas numa única edição especial.
É essa edição especial que a Pixel lançou aqui no Brasil e, como em seus outros lançamentos, o acabamento é de qualidade, trazendo mais uma ótima obra à nós. Harvey é um menino entediado, que não sabe mais o que fazer para se divertir, ainda mais em fevereiro, “a grande besta cinzenta”, como diz o autor. Eis que surge em seu quarto uma estranha figura, Rictus, com um enorme sorriso, que promete levar o garoto à uma casa de férias, onde todos os seus desejos serão atendidos e que nunca mais se queixará de tédio. No começo ele estranha a situação, mas acaba cedendo e segue Rictus até o final da cidade, onde passam através de um muro e chegam à Casa de Férias, cercada por um lindo campo. Além de Harvey, também está morando na casa as crianças Lulu e Wendell, a velhinha Sra. Griffin e os, também estranhos, irmãos de Rictus. Tudo parece perfeito: num único dia ocorre as quatro estações do ano, com brincadeiras na neve, travessuras de Halloween à noite, festa de Ação de Graças e Natal, onde as crianças fazem um desejo, que certamente será realizado. Isso o dia inteiro, todos os dias.
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Mas Harvey começa a estranhar que um “mundo” perfeito como esse possa realmente existir: liga para seus pais, que misteriosamente sabem onde ele está e que aprova a ideia; o muro que cerca a casa, que não os deixam sair; um lago com peixes assustadores nos fundos; entre outras coisas, como Sr. Hood, o dono da casa, que nunca aparece. Harvey decide desvendar esses mistérios e acaba por descobrir o preço que está pagando para permanecer na Casa.
O texto de Clive Barker foi adaptado por Kris Oprisko, um dos fundadores da IDW e também escritor das adaptações para quadrinhos de CSI, com desenhos de Gabriel Hernandez, que está trabalhando em diversas mini-séries dos X-Men. A arte é um dos pontos alto da HQ, com cores em tons pastéis e cheio de detalhes, principalmente dentro da Casa de Férias. Também é de se destacar a excelente ambientação dada à cidade cinzenta, que permanece em segundo plano com as cores mais vivas dos personagens. Esse jogo de contrastes é usado em várias cenas, servindo para demonstrar a mudança de estações, também.
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Os personagens são cativantes, não necessariamente o trio de amigos, mas os outros “hóspedes” da antiga casa, em especial a Sra. Griffin, que tem sua história mais aprofundada no decorrer da trama. Os irmãos de Rictus também são interessantes e diferentes, ganhando destaque no final da HQ, protagonizando ótimas cenas. A própria Casa de Férias é um personagem a parte e é incrível que um espaço tão delimitado como uma casa, um jardim e um lago, podem ser expandidos desta forma, com grande profundidade.
Algo que poderia ter sido retratado melhor é a amizade de Harvey, Lulu e Wendell, que surge muito rápido e não dá tempo do leitor absorver e acreditar nesta amizade, pois não foi aprofundada o suficiente. Não que seja forçada, as três crianças até que são bem realistas, mas tudo ocorre muito rapidamente. Fora isso, O Ladrão da Eternidade é uma excelente leitura, tanto para o público infanto-juvenil quanto para adultos, e um material ótimo para conhecer o outro lado de Clive Barker, fugindo de almas agoniantes e sangrentas. O desenrolar da trama é incrível, principalmente pelas cenas onde Rictus e seus irmãos participam.
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O acabamento, apesar de simples, é primoroso: capa cartonada, páginas de papel de qualidade e numeradas. Há uma introdução sobre Clive Barker e uma entrevista com o mesmo, além de algumas páginas com a arte original de Gabriel Hernandez, num sketchbook.
Fil Felix é ilustrador e escritor. Criador dos conceitos e personagens do universo da Central dos Sonhos. Fã de HQs, gosta de escrever reviews desde 2011, totalizando mais de 600 delas em 2023. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a Coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou seu primeiro livro infantil em 2021: Zumi Barreshti, da editora Palco das Letras.
[…] *Para quem achou a arte de Clive Barker um tanto… pesada, saiba que ele também já fez trabalhos infanto-juvenis. Entre eles o livro O ladrão da eternidade, que depois foi adaptado para quadrinhos por Kris Oprisko e ilustrado por Gabriel Hernandez. Confira minha resenha da HQ aqui. […]