Neste quarto volume a narração ficou mais rápida e as lutas, no geral, estão interessantes. Claro que ainda há momentos absurdos, como Shiryu cair do céu num caixão (?). Recapitulando: Ikki, o Cavaleiro de Fênix, invadiu o torneio e roubou a Armadura de Sagitário, dividindo-a em várias partes. Cada um dos seus 4 Cavaleiros Negros (cópias de Seiya, Hyoga, Shun e Shiryu) ficaram com uma. Os Cavaleiros de Bronze originais vão, então, até a “Caverna Negra” para recuperarem as peças.
Cada cavaleiro luta contra sua contra-parte e temos alguns momentos interessantes. Destaque para a luta dos Dragões, com sangue sendo jorrado do corpo e belas ilustrações de uma página só; o golpe Fantasma de Ikki, que faz o oponente lembrar alguma cena marcante de seu passado, ficou muito bom. Shiryu, de fato, foi o que roubou a cena. Mas atenção para quando ele explica à Shun sobre os “pontos cósmicos” e o momento em que acerta Seiya. Tarantino se influenciou nisso para a criação de Kill Bill, só pode!
Outro destaque fica para a participação do mestre de Ikki na Ilha da Rainha da Morte. Nesse flashback há dois fatos, no mínimo, engraçados. Um deles é Ikki comparar a meiga Esmeralda com o seu irmão (Shun), diferenciando-os apenas por ela ser mulher (?). O outro é uma frase dita pelo macabro Mestre, afirmando que a Fundação GRAAD não possui escrúpulo algum para poder criar um torneio desses. Isso porque a deusa Atena representa, principalmente, o senso de justiça.
Apesar da melhora, alguns aspectos da trama continuam pertinentes. Há muito exagero e cenas dramáticas que, numa virada de página, já se mostram desnecessárias. Quantas vezes esses cavaleiros vão ficar entre a vida e a morte para, milagrosamente, virarem o jogo? A arte de Kurumada é inconsistente, variando de péssima noção anatômica à belas composições, não surpreende que seja um dos fatores mais criticado pelos leitores.
Cavaleiros do Zodíaco #4 custa R$10,90, capa cartonada e miolo em papel off-set. A JBC, apesar de não caprichar tanto quanto em Card Captor Sakura (outra série sendo lançada em versão “definitiva”), numerou as páginas, colocou índice de capítulos e vêm reproduzindo o “esquema de montagem e colocação das armaduras”. Neste volume há, também, uma pequena matéria escrita por Kozo Morishita, diretor da Toei Animation (o estúdio mais famoso de anime, detentor de séries como Dragon Ball e Sailor Moon), sobre o desafio em adaptar o mangá de CDZ e as novas técnicas de animação utilizadas na produção.
Fil Felix é autor, ilustrador e psicanalista. A Central dos Sonhos é seu universo particular, por onde aborda questões como memórias, desejos e infância. Fã de HQs, escreve seus comentários sobre quadrinhos desde 2011, totalizando mais de 600 reviews. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou os livros infantis Zumi Barreshti (2021, Palco das Letras) e Meu Avô Que Me Ensinou (Ases da Literatura), entre outras publicações.