Arcos Principais: Os Incríveis Anos 50 e De Volta aos Anos 50.
Publicação Original/ Brasil: Histórias principais originalmente publicadas em 1996 (Walt Disney)/ Zé Carioca #2428 (Abril, 2017).
Arte: Aluir Amâncio.
Acho que esse é um dos primeiros (ou o primeiro) review Disney aqui no blog. Nunca fui de comprar os formatinhos que a Editora Abril publica, mas como estou experimentando o Social Comics, resolvi dar uma chance e ler alguns títulos. Atualmente, a editora publica cerca de 6 mensais Disney no Brasil (que funcionam como os mix da Panini): Mickey, Minnie, Pato Donald, Pateta, Tio Patinhas e Zé Carioca; mesclando material inédito e republicações. Geralmente cada edição traz histórias fechadas ou sagas em duas ou três partes, o que é ótimo pra quem quer começar a ler, sem precisar começar de alguma edição anterior ou número #1 (o que seria um trabalho e tanto, já que a maioria está encostando o número #1000 e outras já passaram, inclusive). E um ponto legal é que a Abril vem lançando no Social Comics quase que simultaneamente com a banca. Pra dar início às leituras, escolhi o mais brasileiro dos personagens: Zé Carioca; a edição #2428 de janeiro de 2017, em clima de Rock N’ Roll com o especial em duas partes dos anos 1950, mais três histórias.
OS INCRÍVEIS ANOS 50 e DE VOLTA AOS ANOS 50
Ambientada nos anos 50, com Zé Carioca de jaqueta preta e lambreta, temos o pai da Rosinha, Rocha Vaz, procurando por um novo cantor pra sua gravadora, largando o Zé Galo e escolhendo o Zé Carioca como novo ídolo teen, se transformando em Zé Halley. Os desenhos são de Aluir Amâncio, que já fez diversos trabalhos pro Zé Carioca e também já trabalhou pra fora, como em As Aventuras do Superman (com Mark Millar). Segue o estilo de desenho animado, com destaque pra todo o figurino da galera, que parecem ter saído diretamente do filme Grease ou de Embalos de Sábado a Noite. A história foi originalmente publicada em 1996 e a Abril mantém tanto as cores quanto a diagramação original, sem fazer uma “limpeza”, o que mantém o ar nostálgico. Um outro ponto legal é que o roteirista (que não sei se é o próprio Aluir, já que não tem crédito) faz várias personagens que são inspiradas em estrelas do rock, como Elvis ou o próprio Zé Halley, que provavelmente saiu de Bill Halley. Numa placa também vemos “Carl Gonzaga Perkins”, claramente inspirado em Carl Perkins. A história não chega a ser surpreendente, mas é divertida e mantém a ideia do Zé Carioca de fugir dos compromissos, o quanto mais melhor. Lembrando que o personagem surgiu lá na década de 1940 como um estereótipo do carioca malandro e, mesmo tendo se transformado com o passar do tempo, ainda traz essa ideia.
OUTRAS HISTÓRIAS
Completam a edição outras três histórias curtas. A primeira é do Morcego Vermelho Vs O Incrível Bulk, claramente inspirada em Batman e o Hulk. Morcego Vermelho é o alter ego do Peninha, satirizando o Batman e criado na década de 1970, época em que também surgiu o Morcego Verde, que é a versão do Zé Carioca. Já o Incrível Bulk é uma versão hilária, que faz biquinho e se transforma pelo raio Grana, do Hulk. É uma história curtinha bem engraçada, publicada originalmente em 1978 e desenhada por Carlos Edgard Herrero, que foi o primeiro a desenhar o Morcego Vermelho em 1972. A segunda história, também desenhada por Herrero, é protagonizada pelos Irmãos Metralha. A narrativa é mais, digamos, fina que as anteriores. Também é a única que credita o roteirista: Ivan Saidenberg, que foi um dos maiores quadrinistas Disney por aqui. Os Irmãos Metralha escutam uma história do Capitão Metralha Vs Almirante Patiñas, uma clássica briga entre navios, com diálogos e ações simultâneos muito bons.
Fecha a edição a história A Praga Contra os Caloteiros de 1987, protagonizada pelo Zé. Nela, o papagaio é amaldiçoado com uma nuvem negra sobre a cabeça, por ter dado o calote num ventilador. Mas como bom malandro, logo vai arranjar um jeito de se livrar dela (e dos compromissos). Num momento pensei que estivesse lendo algo do Pica-Pau, o cara que jogou a maldição lembra muito o Zeca Urubu. Os desenhos são de Euclides K. Miyaura, outro desenhista que está há décadas com a Disney. Interessante que a revista tem uma sessão de cartas curtinha, algo que não vejo há tempos. Apesar das respostas serem meio padrão, sem alguma discussão. Acostumado com quadrinhos Marvel/ DC, acabei estranhando um pouco o formato Disney. Os desenhistas são creditados, mas sem os roteiristas, o que é estranho. Não sei se, nas histórias que não tem, se são os próprios desenhistas os autores. Um outro ponto que percebi é não citarem a edição original, só falando o ano em que fui publicada (mas onde? Aqui ou lá fora?). Muitas das informações do review, como autorias, consegui graças ao Guia dos Quadrinhos (que é sempre ótimo), mas continua válida a proposta da Abril em publicar simultaneamente em meio digital e físico.
Fil Felix é ilustrador e escritor. Criador dos conceitos e personagens do universo da Central dos Sonhos. Fã de HQs, gosta de escrever reviews desde 2011, totalizando mais de 600 delas em 2023. Já escreveu sobre arte para diversos blogs como Os Imaginários e a Coluna Asas da editora Caligo. Ilustrou seu primeiro livro infantil em 2021: Zumi Barreshti, da editora Palco das Letras.
A primeira foi publicada em Zé Carioca Nº 2065 e a segunda em Zé Carioca Nº 2066
https://coa.inducks.org/issue.php?c=br/ZC+2065
https://coa.inducks.org/issue.php?c=br/ZC+2066